Traumas

749 102 18
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O quarto do hospital mergulhava em um silêncio profundo, as paredes pareciam comprimir o ambiente, a tensão no ar era quase palpável

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


O quarto do hospital mergulhava em um silêncio profundo, as paredes pareciam comprimir o ambiente, a tensão no ar era quase palpável. A sala estaria deserta se não fosse pela presença solitária da jovem ruiva, sentada na cama do hospital com fios ligados ao seu corpo. Naquele momento, ela estava desperta, após ter sido sedada desde sua chegada Devido aos diversos surtos que teve no hospital desde que chegou.

Seu sorriso havia desaparecido, seu semblante agora era sério e desprovido de emoção; ela não era mais a mesma. Ao olhar para a janela, suspirou profundamente. Logo, uma enxurrada de pensamentos invadiu sua mente, ponderando sobre as escolhas que poderia ter feito de forma diferente para evitar aquela situação. Quem sabe assim ela não estaria enfrentando esse cenário repleto de memórias dolorosas. Se sentia suja, se sentia insegura... Não contaria nada o que aconteceu, justamente por lhe faltar a coragem.. Aquelas mãos passando pelo seu corpo só a deixavam com uma sensação muito pior, pior do que tudo que já enfrentou.

Enfermeiras adentraram a sala ao perceberem que a jovem estava acordada, apressando-se em rodeá-la com um turbilhão de questionamentos, indagando sobre seu bem-estar e necessidades. Os exames confirmaram que sua condição física estava estável, porém o estado emocional permanecia um mistério. Ela estava tão abalada que mal conseguia demonstrar qualquer emoção, uma situação absurda.

Após um período, o horário de visitas foi permitido. A porta da sala se abriu rapidamente e Boruto entrou correndo, dirigindo-se à irmã e envolvendo-a em um abraço ao qual ela não correspondeu. Em seguida, foi a vez de Himawari e depois Hinata. Hanabi permaneceu do lado de fora, incapaz de conter as lágrimas. Foi ela quem ficou com Himari no hospital desde a chegada da ruiva e testemunhou tudo, todos os surtos, Himari havia perdido o controle e devido ao trauma do sequestro ela ficou fora de si, se debatendo na cama, gritando, tiveram que injetar remédios, ela ficou dopada a maior parte do tempo e tudo aquilo havia deixado Hanabi devastada com a sensação de inutilidade por não poder ajudar sua sobrinha.

Hinata observou atentamente sua filha, percebendo o brilho ausente em seu olhar. Parecia uma casca vazia, desprovida de sentimentos ou qualquer vestígio de vida.

— Hima, você... -Boruto a olha nos olhos — Hima!!! Fala comigo!

Ela não respondia a ninguém, embora estivesse ouvindo, sua boca permanecia em silêncio, incapaz de emitir qualquer som. Ela olhou para seu irmão com amor, mas não conseguiu proferir uma palavra sequer. Himawari estava assustada, nunca havia presenciado Himari daquele jeito. Aquilo fez a pequena se assustar em um nível absurdo que se escondeu atrás de Hinata.

O momento das visitas chegou ao fim e todos foram dispensados. Os dias passaram e Himari permaneceu um mês no hospital até receber alta para voltar para casa. Ao caminhar pela aldeia, o rosto de Hinata refletia seriedade, vendo sua filha naquele estado e sem poder ajudá-la devastava seu coração. Ao passarem em frente a uma lanchonete, avistaram o Time 10 reunido ali. Todos conversavam animadamente, exceto Shikadai e Inojin, que pareciam mais calados e desanimados, demonstrando preocupação. Quando Shikadai olhou para fora da lanchonete, logo se levantou e gritou o nome de Himari à distância. A garota chegou a olhar na direção dele, mas quando seus olhares se encontraram, nos olhos verdes de Nara surgiu um brilho especial. No entanto, nos olhos de Himari não se expressava nada; era como se ela estivesse morta por dentro. Inojin levantou-se e o olhar gélido de Himari lhe causou profunda dor. Onde estava a Himari alegre e prestativa de todos os dias?

Ela apenas deu as costas para eles e seguiu adiante de mãos dadas com sua mãe. Shikadai se sentiu novamente abatido, incapaz de pensar em algo mais. Se já estava preocupado antes, agora certamente não conseguia pensar em mais nada, e com Inojin não era diferente.

Himari chegou em casa com Hinata e logo entraram. Boruto estava na sala ao lado de Himawari e, ao ver a irmã, correu até a porta para abraçá-la. Mais uma vez, no entanto, não foi correspondido, deixando-o com um semblante desacreditado. Tudo o que estava acontecendo... Himari parecia estar no pior estado psicológico possível!

— Hima... - a olha assustado.

— Deixe-a descansar, Boruto... -a voz de Hinata era trêmula e levemente nervosa.

Hinata colocou as mãos no ombro da filha e a levou para seu quarto. Assim que Hinata fechou a porta do quarto para deixar Himari sozinha, a garota suspirou. Ela se lembrou de cada comentário feito por aqueles ninjas a respeito dela,  cada assédio, cada crítica, tudo que fizeram à ela em relação a abusos sexuais e psicológicos, e suas pupilas tremeram.

Haviam vários espelhos em seu quarto, e desesperadamente ela pegou panos para cobrir cada um deles. Alguns ela virava para a parede, outros ela jogava pela janela. O quarto dela estava virando uma bagunça, mas com isso ela fez uma limpeza que a deixasse confortável. Ela escondeu os quadros com sua imagem e se livrou de tudo que pudesse refletir sua imagem. Cansada, ela foi dormir serenamente.

Mais tarde, à noite, ela se levantou suada do cochilo. Ergueu-se da cama e pegou sua toalha para ir ao banheiro sem animação alguma. Quando acendeu a luz e entrou no cômodo, deu de cara com o espelho enorme que ficava na pia do banheiro - ela havia se esquecido daquele espelho. Seu coração disparou e ela deu passos para trás. Naquele momento, ela se sentiu horrível, revivendo tudo o que queria esquecer como se toda a sensação do trágico dia tivesse retornado para atormentar sua mente, deixando-a enlouquecida.

Um grito saiu de sua garganta e rapidamente ela foi até o espelho, um murro só foi o suficiente para todo o vidro se espalhar pelo chão e machucar suas mãos, Himari voltou a sentir aquelas mãos tocando seu corpo mesmo que não tivesse ninguém ali a tocando, a dor que sentiu no momento em que foi violada, as ofensas, assédios e comentários maldosos que acabaram com a sua autoestima, tudo aquilo veio de uma vez e a deixou louca.

Começou a gritar e se sentou no canto do banheiro se encolhendo com as duas mãos protegendo a cabeça e repetindo movimentos de balançar para frente e para trás repetidas vezes como um tique nervoso, suas mãos tremiam, seu coração parecia rasgar o peito, ela não conseguia respirar e aquilo a desesperou começando a berrar por sua mãe.

A porta do quarto se abriu e rapidamente Hinata entrou no banheiro, ao ver ela no chão a mulher se jogou do lado da ruiva sem pensar duas vezes se iria se machucar com os cacos de vidro espalhados por ali, a envolvendo nos braços enquanto ela gritava e apertava a blusa de Hinata.

— Shiii... Passou meu amor... Passou... -faz carinho nos cabelos dela levemente, Himari ainda gritava de desespero. — A mamãe está aqui... Sempre vai estar.

Boruto estava parado na porta, Himawari se escondeu atrás dele enquanto abraçava o irmão com os olhos arregalados e pelo medo do que estava acontecendo ela começou a chorar.

Ao associar que Himari estava assim por causa de Naruto deixou Boruto completamente furioso.

— Velho desgraçado... -sussurra enquanto seu coração dói ao ver Himari naquele estado.

— Leve a Himawari para fora daqui, agora, Boruto! -Hinata ordena nervosa.

Ele deu as costas levando a irmã para fora, se trancou com Himawari no quarto dela e tentou a distrair com tudo que pôde mas cada grito que Himari dava era uma facada no peito do loiro que só apertava ainda mais os punhos com ódio de uma única pessoa...

𝐌𝐨𝐧𝐬𝐭𝐞𝐫 |ᴴᶦᵐᵃʳᶦ ᵁᶻᵘᵐᵃᵏᶦOnde histórias criam vida. Descubra agora