Traumas Do Passado

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Abri meus olhos com uma cefaleia lancinante que reverberava em minha mente, uma dor quase palpável que me obrigou a girar a cabeça de um lado para o outro, tentando, em vão, encontrar um ponto de alívio

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Abri meus olhos com uma cefaleia lancinante que reverberava em minha mente, uma dor quase palpável que me obrigou a girar a cabeça de um lado para o outro, tentando, em vão, encontrar um ponto de alívio. Sentia-me exasperadamente desconfortável, como se meu corpo estivesse aprisionado em um casulo de dor. Meu passado recente era um nevoeiro denso, quase impenetrável. Na verdade, pouco ou nada conseguia recordar.

Sentei-me na cama, minha mente ainda lutando para desvendar o enigma de meu esquecimento. O ambiente ao meu redor era de uma opulência quase sufocante: móveis de mogno reluzente, cortinas de veludo pesadas, e uma cama de casal onde o lençol ao meu lado estava desalinhado, o travesseiro levemente afundado, denunciando a presença recente de alguém.

Meus olhos recaíram sobre minhas botas, cuidadosamente dispostas ao lado da cama. Calcei-as, ainda sentada, tentando ordenar meus pensamentos dispersos. Ao levantar-me, notei as pontas de meus cabelos tingidas de azul, um detalhe perturbador que trouxe uma lembrança repentina: a vila! Meus olhos se arregalaram em pânico. Sarada estaria bem? Quantos inocentes eu teria ferido? Maldição... E agora?

Enquanto minha mente girava em uma espiral de preocupação, algo nas paredes chamou minha atenção. Estavam adornadas com inúmeras fotos minhas, de tamanhos variados, todas capturadas em momentos que eu desconhecia. Eram imagens clandestinas, tiradas sorrateiramente, um voyeurismo inquietante que me fez estremecer. Que diabos era aquilo?

A porta do quarto rangeu ao se abrir, revelando a figura de Kawaki. Uma gota de suor deslizou pela minha têmpora enquanto o observava. Ele entrou com um ar de determinação e realizou um selo na porta, selando-a.

Cerrei o cenho, meus olhos fixos nele, uma mistura de fúria e desconfiança pulsando em minhas veias. Kawaki abriu a boca como se fosse falar, mas hesitou. Passou a mão pelos cabelos e suspirou.

Kawaki- Você me deu um trabalhão, Hima...

Himari- Seu cretino... Você deveria se envergonhar do que fez! Da desgraça que levou para a vila! Das vidas que foram perdidas! Seu desgraçado!!!!

Kawaki- Você não mudou nada — interrompeu ele, sua voz tingida de uma satisfação perturbadora. — A mesma personalidade estressada, a língua afiada, a boquinha suja, a mesma coragem, e a beleza encantadora que tanto me fascina... — Ele parecia deleitar-se com minha raiva, como se a tensão em meu rosto fosse um espetáculo fascinante para ele. — Você fica linda com raiva.

Que espécie de delírio era esse? Ele está ficando maluco?!

Kawaki avançava lentamente, e minha reação foi instintiva. Fiz um selo com as mãos, invocando minha lança demoníaca, que há muito estava adormecida desde a morte de Unatazi. A lança flutuou diante de mim, um símbolo de poder e ameaça.

Himari- Lança do demônio, quarta configuração, chuva de lâminas! — bradei, e a lança se multiplicou, uma tempestade de lâminas etéreas flutuando ao meu redor.

As lanças cortaram o ar com um silvo ameaçador, indo na direção de Kawaki, que recuou até a parede. Deliberadamente, desviei as lâminas, cravando-as ao redor dele, um aviso explícito para que mantivesse distância.

A tensão no quarto era palpável. Eu, com os olhos ardendo de ira, e ele, aparentemente inabalável, uma expressão de fascínio em seu rosto. Este não era o fim, mas apenas o prelúdio de um confronto iminente.

De repente, senti meu corpo paralisar, uma rigidez esmagadora que me prendeu no lugar. O que estava acontecendo?! Foi então que percebi: um truque do karma de Kawaki. Aproveitando-se de minha impotência, ele se aproximou, um sorriso satisfeito brincando em seus lábios.

Kawaki- Impressionante... O que mais essas mãozinhas podem fazer? — murmurou, com um tom de deboche.

Merda...

Ele se inclinou, seu rosto a centímetros do meu pescoço, inalando profundamente meu cheiro. Senti uma onda de nojo e raiva me invadir, mas meu corpo não respondia aos meus comandos.

Kawaki- Delicioso... — sussurrou ele, a voz carregada de uma lascívia perturbadora.

Eu não podia me mexer! Droga!

Kawaki acariciou meu rosto com uma gentileza sinistra, como se estivesse desfrutando de um momento de intimidade consensual. Sua proximidade e o toque de seus dedos na minha pele eram insuportáveis.

Kawaki- Me permita te dar um beijo, sim? — perguntou ele, sabendo muito bem que eu não podia responder.

Minha mente fervilhava de indignação e medo, presa na minha própria carne paralisada. Ele se inclinou ainda mais, seus lábios perigosamente próximos dos meus.

Porra... Eu não posso deixar isso acontecer! O Shikadai...

Meu coração disparou, pulsando freneticamente no meu peito, enquanto meu estômago se contorcia em um turbilhão de náusea. As memórias que eu tanto me esforcei para enterrar irromperam de uma vez, violentas e implacáveis, rasgando o véu frágil do esquecimento que eu tinha construído com tanto empenho. Eu era apenas uma criança naquela época... E ainda não se passaram tantos anos assim desde a última.

Num ato de desespero, com uma força que eu desconhecia possuir, rompi o jutsu que me mantinha paralisada. Um grito desesperado escapou dos meus lábios, e eu me lancei ao chão, as lembranças inundando minha mente como uma torrente furiosa. Me arrastei até o canto da parede, o pavor estampado em cada fibra do meu ser, enquanto abraçava meus joelhos, tremendo violentamente. Por favor... Esqueça... Esqueça...

Kawaki permaneceu estático, sem ousar se aproximar. Mas quando ele finalmente deu um passo na minha direção, meu pranto aumentou, mais intenso, mais desesperado. Ele então me envolveu em um abraço, compreendendo instintivamente o que eu necessitava naquele momento. Encostou minha cabeça em seu peitoral e começou a acariciar meus cabelos. No entanto, a agitação dentro de mim era incontrolável. Comecei a me debater, desferindo chutes e murros, e ele entendeu que precisava se afastar. Seu olhar transbordava pena; ele sabia. Haviam contado a ele sobre tudo. Ele se sentou na cama, visivelmente trêmulo.

Kawaki - Droga... Me perdoe, Hima! Eu... Eu não queria te assustar. -sua voz tremia, carregada de arrependimento. -Me desculpa, por favor...

Eu estava tão sensível, tão despedaçada, que não conseguia fazer nada além de chorar. Meu desespero era palpável, uma presença opressiva e desconfortável. Olhei para ele uma única vez; seu rosto refletia um medo profundo, uma angústia quase palpável enquanto ele buscava freneticamente uma maneira de me ajudar.

"Shikadai... Me ajuda..."

A última palavra saiu como um sussurro fraco, uma súplica desesperada.

Um ataque de pânico se insinuou logo após a crise de ansiedade, um monstro voraz que se aproximava implacavelmente. Meu ar começou a escapar dos meus pulmões, como se estivesse sendo sugado por um vácuo invisível. Meu coração, já acelerado, agora batia de maneira desordenada, como se tentasse desesperadamente romper as barreiras do meu peito. A sensação de iminente fatalidade me envolveu, e por um momento, tive certeza de que a morte estava à espreita.

Foi então que Kawaki, percebendo a gravidade da situação, se aproximou novamente. Num gesto brusco e decisivo, desferiu um tapa forte na minha nuca, e a escuridão tomou conta de mim. Talvez fosse mesmo melhor assim, melhor do que continuar naquele estado deplorável de desespero absoluto.

A última imagem que minha mente conseguiu conjurar antes de se render à inconsciência foi o rosto do garoto que eu amo, uma visão tênue e tranquilizadora no meio do caos.

𝐌𝐨𝐧𝐬𝐭𝐞𝐫 |ᴴᶦᵐᵃʳᶦ ᵁᶻᵘᵐᵃᵏᶦOnde histórias criam vida. Descubra agora