Quatro.

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Verônica via a cidade se tornar um borrão pela janela do carro de Anita, se sentindo sufocar ao perceber-se em um local tão pequeno junto à delegada. A loira por sua vez parecia totalmente indiferente, até mesmo confortável, enquanto dirigia rumo ao local onde a vítima foi encontrada. Anita descartou a ideia de quaisquer tipos de conversas triviais, ignorando qualquer protocolo de boa vizinhança, atendo-se ao caminho percorrido, evitando qualquer perda de tempo. A loira agia como se a escrivã não estivesse bem ali, do seu lado.

Verônica, por sua vez, tentou desvencilhar-se do desconforto causado pela delegada, se atentando aos detalhes ao longo do caminho, a procura de qualquer coisa que pudesse ajudar, afinal, aquele teria sido, provavelmente, o mesmo percorrido pelo assassino.

Ao chegarem ao local, Anita saiu do carro, deixando Verô para traz, observando a loira assumindo a liderança, coordenando a equipe e supervisionando os procedimentos de investigação. Uma equipe permanecia ali desde o momento da descoberta, as ordens de Anita, cobrindo a grande extensão do terreno.

Verônica desceu do carro, mais uma vez tomando uma posição de observação.

- A região é conhecida por ser um ponto de descarte clandestino de resíduos e lixo, o que pode indicar que o crime foi planejado, o local serviu claramente para ocultar evidências. - Anita disse, parando ao lado da escrivã.

- Como o corpo foi descoberto? Esse lugar é um buraco. Sem residências, acesso difícil, vegetação densa, declives, totalmente isolado!

- Uma investigação ambiental vem sendo feita e esse era um dos locais a serem investigados, foi assim que o corpo foi encontrado, escrivã! - Verônica ignorou o tom de voz carregado de impaciência.- A equipe forense está examinando cuidadosamente o local em busca qualquer vestígio ou pistas, mas esse lugar é um lixo.

Verônica concordou com um aceno de cabeça, compreendendo a complexidade da situação, o local não facilitaria para elas. A escrivã observou enquanto os membros da equipe forense realizavam seus trabalhos meticulosos, vasculhando cada canto do local em busca de qualquer evidência que pudesse ajudar.

- Ele é esperto, um local como esse? As chances de achar algo são baixas! Já é uma bagunça por si só. - Anita caminhava pelo terreno com uma expressão determinada, seus olhos ávidos varrendo o lugar em busca de qualquer sinal que pudesse fornecer qualquer informação que fosse.

Verônica se afastou, decidindo explorar uma área mais isolada, seguindo um caminho estreito entre a densa vegetação. Ela estava decidida a examinar cada centímetro da área em busca de qualquer coisa.

- Eu quero esse lugar vasculhado, cada pedaço dessa imundice! - Verônica ouviu Anita ralhar suas ordens. - Não me importa o tamanho, eu quero cada local checado. - A voz de Anita foi perdendo o volume enquanto Verônica se aprofundava vegetação a dentro.

Verônica avançava pela mata, determinada como costumava a ser, seu coração batendo mais rápido à medida que se afastava da equipe e de Anita. Seu foco era apenas um, achar qualquer coisa que fosse capaz de lhes dar um norte, mesmo que isso significasse se enfiar mata a dentro.

Enquanto adentrava aquele amontoado de árvores e mato, Verônica começou a notar um odor desagradável pairando no ar, indicando a presença de algo podre. Seu estômago revirou, a morena estava cercada pelas árvores, já longe do maior foco de lixo, aquele odor não fazia sentido.

Quando o que mais temia aconteceu... A escrivã avistou a peça faltante, o corpo entre as árvores. Verônica sentiu-se paralisada pelo horror, não era apenas um corpo sem vida.

Ao se aproximar do corpo entre as árvores, Verônica foi envolvida por uma aura de repulsa e desespero. A visão era como um soco no estômago, uma cena que assombraria seus pesadelos, ela sabia disso. A vítima jazia no chão, envolta em um manto de decomposição avançada. Sua pele, agora uma massa inchada e pálida, parecia prestes a se desintegrar a qualquer momento. Larvas e insetos se contorciam freneticamente sobre o que restava, uma coreografia grotesca da vida alimentando-se da morte. O cheiro nauseabundo de putrefação pairava no ar, envolvendo Verônica em um abraço sufocante de podridão. Partes do corpo estavam ausentes, e de forma brutal, deixando para trás uma visão macabra de carne dilacerada. O que restava era uma grotesca caricatura da forma humana, um lembrete sombrio da crueldade do assassino.

CRAWLING - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora