Anita caminhava pelos corredores da delegacia com passos determinados, enquanto seu pensamento estava parcialmente preso no caso, que parecia ainda mais estagnado que antes, causando irritação na delegada, que parecia borbulhar de irritação naquele dia.
Burburinhos e cochichos podiam ser ouvidos por onde a delegada passava, tão brusco e revolto quanto um furacão.
Os olhos verdes varreram a delegacia, sem paciência alguma, se prendendo em uma mesa em especial.
Verônica...
A ausência da escrivã parecia ecoar nos cantos vazios daquele lugar, deixando um silêncio desconfortável no ar.
Ao entrar na sala de evidências cumprimentou Nelson e Lima com um aceno de cabeça, consciente de que teria que redobrar seus esforços na ausência de sua parceira relutante.
- Alguma novidade? - perguntou Anita, direcionando-se a Nelson enquanto pegava uma pasta cheia de relatórios sobre a mesa, com seu mau-humor pra lá de nítido.
Nelson suspirou, largando algumas pastas em cima da mesa.
- Nada substancial até agora, doutora. Estamos revirando cada pedaço de evidência, mas é como procurar uma agulha no palheiro.
Anita assentiu, sentindo seu corpo muito mais tenso do que gostaria.
- Porra! - A loira reclamou. - Foca no que deu pra recuperar, talvez tenha algo ali. - A Delegada se referia aos HDs.
- Eu estava revisando o relatório da testemunha ocular. Parece que ele pode ter mais informações do que a gente pensou. Acho que vale a pena investigar mais a fundo. - Lima interveio, na esperança de amansar Anita.
Anita assentiu, satisfeita.
- Boa. Manda o Moraes ir atrás disso, podemos localizá-lo para um interrogatório mais detalhado.
Lima assentiu, deixando a sala no mesmo minuto.
Anita encarou os arquivos largados por toda mesa, sentindo sua frustração crescer. Aquilo parecia menos irritante quando tinha a escrivã por perto.
A delegada revirava os documentos com uma mistura de impaciência e raiva contida, seus dedos pressionando com força o papel enquanto sua mente girava em torno do vazio deixado pela ausência de Verônica. Anita sabia que não deveria se importar tanto com a presença da escrivã, mas por algum motivo, para ela ainda inexplicável, a falta da morena parecia pesar mais do que deveria.
"Está sentindo falta dela?", uma vozinha sarcástica sussurrou em sua mente, irritando-a ainda mais. Anita não queria dar o braço a torcer, não queria sequer acreditar que sentia falta de Verônica, não queria dar o gostinho a sua consciência perturbada de saber que aquela ausência a incomodava tanto. Era inaceitável alguém de seu porte, forte o suficiente para lidar com qualquer situação sozinha, sentindo falta de alguém que deveria ser tão pequeno. Não precisava de ninguém para segurar sua mão.
Mas então por que diabos ela não conseguia se livrar da sensação de vazio que Verônica deixara para trás? Por que a ausência da escrivã a deixava tão mau-humorada e desconcertada?
"Porque você está sendo idiota!", a voz sarcástica continuou, cutucando as feridas da delegada. Anita apertou os punhos com força, tentando afastar os pensamentos irritantes que invadiam sua mente.
Ela não tinha tempo para sentimentos tolos, não tinha tempo para se preocupar com Verônica e seu afastamento. Ela tinha um caso para resolver, um criminoso para pegar, e nada mais deveria importar além disso.
Mas apesar de seus melhores esforços para ignorar a falta que Verônica fazia, Anita não conseguia se livrar do sentimento incômodo de que algo estava faltando. Algo que só a presença da escrivã poderia preencher.
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CRAWLING - Veronita
RomanceA escrivã Vêronica Torres e a delegada Anita Berlinger enfrentam uma batalha entre o ódio e a atração enquanto investigam uma série de crimes brutais que está apavorando a cidade de São Paulo. Confrontadas com seus próprios sentimentos conflitantes...