Verônica voltou à delegacia disposta a se ocupar o máximo possível, apesar da conversa com Prata tê-la acalmado, imaginar-se na presença da delegada ainda a deixava com os nervos a flor da pele. Se pegou torcendo para não encontrar a loira, mesmo sabendo que aquilo era totalmente impossível, ainda mais com os resultados da autópsia prontos. Querer estar distante de Anita não era um sentimento novo, na verdade ele era muito familiar, novo era o motivo. Verô se viu preocupada com questões que nunca haviam estado em sua cabeça antes.
Não olhe demais, não pareça boba ou sem fala, não lembre da noite anterior, se lembrar, não aja igual uma idiota.
Eram as quase regras para aquele dia, mas assim que chegou mais uma vez em sua mesa, pareceu esquecer-se delas.
Anita estava na sala de Carvana, as paredes de vidro deixavam à vista como a mulher estava bonita, fazendo Verô bufar inconformada. Mais um dia admitindo para si mesma que a loira estava deslumbrante, pensou que jamais se acostumaria com aquilo, desejou seu estado normal de volta, onde sentia tudo, menos aquilo.
- Verônica, na minha sala! - Carvana surgiu na porta, obrigando Verô a fingir que não estava olhando pra lá antes do homem aparecer.
A escrivã se levantou de seu lugar, rumando até aonde estava sendo chamada, adentrando à sala, vendo Anita desdenhar de sua presença e sequer olhá-la.
Cretina, pensou Vêronica.
- Recebemos os resultados da autópsia, mas você esteve com o Prata, por isso te chamei aqui. - Carvana disse, puxando alguns papeis que Verô deduziu ser os tais resultados.
Verônica assentiu, lembrando-se dos detalhes sombrios das análises que já havia visto.
- E quais são as conclusões, escrivã? - Anita interveio, sua voz cortando o ar.
Verônica respirou fundo, mantendo a calma diante da provocação óbvia da delegada.
- As duas vítimas foram estranguladas até a morte, sem sinais de agressão sexual. Parece que o assassino teria outra motivação para os homicídios. - Ela respondeu, evitando olhar diretamente para Anita.
Um sorriso arrogante surgiu nos lábios de Anita, seus olhos brilhando com uma mistura peculiar de desafio e admiração.
- Pelo menos você é capaz de interpretar um simples relatório de autópsia, escrivã. - Ela disse, sua voz tingida de sarcasmo.
Verônica conteve um suspiro de frustração diante do tom provocativo de Anita, mantendo-se firme em sua postura.
- Obrigada pela sua "generosidade", doutora. Acho que qualquer um aqui seria capaz de entender um relatório básico. - Ela retrucou, mantendo a voz calma, mas com um toque de cinismo.
Anita arqueou uma sobrancelha, seu sorriso se alargando ligeiramente diante da resposta de Verônica.
- Bem, parece que você não é tão inútil quanto eu pensava. Talvez eu tenha subestimado sua capacidade. - Anita respondeu, sua voz suavizando um pouco, enquanto seus olhos brincavam com um brilho de satisfação.
Verônica manteve uma expressão neutra, resistindo ao impulso de revidar ao suposto elogio de Anita.
Carvana, observando a interação entre as duas mulheres, pigarreou para chamar a atenção delas de volta para a discussão, sua expressão séria denotando impaciência diante do clima carregado na sala.
- Verônica como estamos com a identificação da segunda vítima?
- Nada bem! Prata vai levar mais algum tempo com isso. Com o estágio de decomposição avançado, não teria como ser diferente.
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CRAWLING - Veronita
RomanceA escrivã Vêronica Torres e a delegada Anita Berlinger enfrentam uma batalha entre o ódio e a atração enquanto investigam uma série de crimes brutais que está apavorando a cidade de São Paulo. Confrontadas com seus próprios sentimentos conflitantes...