Oito.

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Já era tarde quando Anita deixou a delegacia. Sentia sua cabeça pesada, foram horas debruçada no que haviam conseguido até aquele momento e o pior, nenhuma evidência trazia consigo informações suficientes. Como se tudo levasse à lugar nenhum, como se ninguém fosse responsável por aqueles homicídios.

A loira bufou, frustrada. Nada poderia ser mais angustiante para a mesma do que a falta de controle.

Anita entrou em seu carro, encarando a escrivã um pouco mais a frente. A loira não pôde deixar de observar Verônica subindo em cima de sua moto, deixando a delegacia com a pressa de um fugitivo.

A delegada soltou um riso carregado de deboche, sabia que algo diferente estava incomodando a escrivã.

Anita odiava o fato de Verônica ser tão teimosa, espertinha e totalmente do contra. A loira era quem tinha a fama de prepotente, mas via muito mais disso em Verônica, que jurava ser a dona da verdade absoluta. As duas nunca se entenderam e Anita já tinha se acostumado com aquilo. Sabia como as coisas funcionavam entre elas, a mesma dinâmica desde o início.

Justamente por saber como funcionava, não deixou passar despercebido que a escrivã estava agindo fora do habitual. Verônica parecia diferente, e isso não escapou aos olhos perspicazes de Anita. A tensão que emanava dela, como se estivesse escondendo algo por trás de sua máscara de confiança. E isso intrigava Anita mais do que gostaria de admitir.

Anita estreitou os olhos, segurando um risinho nos lábios.

O que havia mudado? O que estava deixando a escrivã daquela forma? Anita poderia simplesmente ignorar, mas não podia negar que algo em Verônica sempre chamara sua atenção. A achava irritante e interessante na mesma proporção. Anita nunca admitiria, mas Verônica era fascinante aos seus olhos e não podia negar, adorava cutucar e irritar a morena. Se divertia vendo a marra de Verônica, talvez agora pudesse se divertir descobrindo o que estava por trás de tanta tensão.

A delegada revirou os olhos, relembrando todas as vezes em que Verônica desafiara sua autoridade e discordara de suas opiniões na frente de todos. Era como se a escrivã estivesse sempre pronta para uma discussão, pronta para contestar cada palavra que Anita dizia. E, no entanto, havia algo nela que atraía a atenção de Anita, algo que a impedia de simplesmente cortá-la.

Enquanto dirigia para casa, Anita não conseguia tirar Verônica de sua mente. Seria algum problema pessoal? Ou talvez algo relacionado ao caso em que estavam trabalhando? Os supostos motivos da mudança de Verônica permanecia em sua mente.

Um sorriso malicioso brincou no rosto de Anita enquanto ela pensava nas várias maneiras de provocar Verônica e descobrir o que estava por trás de sua mudança de comportamento. Lembrando de como a morena ficou quando Anita se aproximou de seu corpo enquanto analisavam as evidências. Anita sabia que tinha um poder peculiar sobre Verônica, um poder que a permitia provocar e cutucar a escrivã até atingir certo ponto de desconforto. Agora, com Verônica claramente desconcertada, Anita sentia uma nova sensação de poder se formando dentro dela.

"O que será que está te deixando tão nervosa, Verônica?" Anita murmurou para si mesma, um sorriso de satisfação brincando em seus lábios

Ao chegar em casa, Anita respirou fundo, sentindo o peso do dia se dissipar lentamente. Ela deslizou para fora de seu casaco elegante e deixou sua bolsa de couro sobre o sofá. Caminhando com passos decididos até seu quarto. A loira se desfez de suas roupas, indo até seu banheiro, seu corpo implorava por um bom banho

Assim que o vapor começou a encher o ambiente, Anita adentrou o box, deixando a água quente acariciar sua pele. Ela fechou os olhos, permitindo-se afundar na sensação revigorante, deixando que cada gota de água lavasse o estresse do dia.

Enquanto a água escorria por seu corpo, a delegada deixou sua mente vagar, relembrando os acontecimentos do dia na delegacia. As investigações, os becos sem saída daquele caso, as interações com Verônica. Um sorriso sutil curvou seus lábios enquanto ela recordava os momentos desconcertantes entre elas.

Depois de alguns minutos revigorantes sob o chuveiro, Anita desligou a água e envolveu-se em uma toalha. Ela saiu do banheiro, sentindo-se renovada e pronta para ter seu merecido descanso. Ela abriu as portas do closet espaçoso, escolhendo algo para vestir. O tecido macio de seu pijama de seda deslizou sobre sua pele, trazendo uma sensação de conforto após um longo dia de trabalho.

A delegada se serviu de uma taça de vinho, se sentando em seu sofá, limitando seu fluxo de pensamentos naquele momento. Os detalhes do caso continuavam martelando em sua cabeça, deixando a loira pensativa diante de tantas inconsistências.

Era como um assassinato sem assassino. Sem pistas, nem mesmo uma pegada que fosse, uma atividade suspeita, uma testemunha. Duas vítimas e nenhum autor.

Tomando mais um gole do vinho, Anita deixou-se afundar no sofá, buscando um breve momento de relaxamento antes de enfrentar outro dia de trabalho. A investigação a estava consumindo mais do que o habitual, um caso daquele tamanho não demoraria até cair na boca da imprensa.

A loira se deu por vencida, finalizando o seu vinho enquanto caminhava de volta para seu quarto, se deitando em sua cama. Precisava descansar e assim o fez, afastando o caso de sua mente com facilidade mas encontrando certa dificuldade em afastar a escrivã dos seus pensamentos. Se rendeu ao sono, sabendo que seu último pensamento do dia tinha nome e sobrenome: Verônica Torres.

CRAWLING - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora