Dezessete.

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Prata estava sentado à mesa de um restaurante perto da delegacia, alguns pães de queijo, um copo de cerveja. O local era tranquilo e ele comia devagar enquanto esperava. Esperava Verô, que havia ligado cedo, pedindo para se verem antes do início do expediente.

Verônica caminhou com confiança até seu amigo, distintivo no pescoço, óculos escuros. Agarrou seu copo, tomando de uma vez toda a cerveja que estava ali.

- Beber sem brindar, sete anos sem trepar... - Prata disse com um sorriso no rosto, fazendo Verô rir.

- Ah meu amor, minha vida sexual não existe! - Ela disse se sentando.

- Nada que uma certa delegada não pudesse resolver, né? - Prata brincou, fazendo Verô revirar os olhos.

- Ai Prata, não toca nesse assunto, por favor.

Prata cerrou os olhos, comprimiu os lábios, esperando Verônica abrir a boca.

- Anda Verô, fala! É por isso que você ta ai, toda agitada?

Verônica encarou Prata com um sorriso que carregava uma boa dose de culpa. Ainda não acreditava no que tinha acontecido no dia anterior, mesmo conseguindo sentir cada sensação, mesmo com um gosto de Anita ainda em seus lábios, mesmo com perfume da delegada entranhado em sua memória.

Era difícil não admitir para si mesma como havia gostado daquilo. Era mais difícil ainda se enganar, ela sabia que queria mais.

Prata encarou a amiga esperando a resposta.

Verônica suspirou

- Eu e a Anita nos beijamos.

Foi a vez de prata sorrir. Um sorriso vitorioso.

Ele sabia que ia aconteceria, talvez ninguém nunca tivesse parado para perceber, mas ele sim. E o homem sabia, aquela brincadeira de gato e rato jamais seria apenas ódio.

- E você acha que você fez alguma coisa de errada? Espera aí, Verô! Trabalho é trabalho, visão de mundo é visão de mundo. - Prata olhava Verô nos olhos. - Acho que você não deveria misturar as coisas. Você passou um tempo ao lado de uma pessoa que simplesmente não te enxergava da forma que você é e pela primeira vez, você tá se interessando por alguém! Curte isso, minha amiga, deixa rolar!- Prata segurava a mão de Verônica por cima da mesa. - Até porque não é como se fosse um sacrifício muito grande ir parar na cama da delegada. - O homem riu, arrancando uma risada de Verô.

Prata tinha razão, Verô sabia. Nem tudo era preto no branco, nada era, na verdade!E a morena não precisava ser sempre tão drástica, mas ela sabia ser de outra forma? Sempre tão cabeça dura, sempre tão firme.

Verônica encarou o relógio de seu celular, sabendo que teria que enfrentar Anita em pouco tempo.

- Por que você tem que estar certo, ein? - Ela disse para o amigo. - É irritante!

Prata riu, chamando o garçom. Acertou a conta e seguiu com a amiga a pé para a delegacia.

Os dois conversando amenidades, rindo, enquanto Verô tentava esconder de si mesma o nervosismo de estar cada vez mais próxima de Anita.

Prata se despediu rapidamente da amiga ao chegarem lá, precisava terminar seu trabalho e precisava deixar Verô encarar o que ela estava evitando.

Deu um beijo na morena, encorajando-a, recebendo como resposta um sorriso nada corajoso.

Verô assistiu Prata se afastar, sentindo-se um pouco mais nervosa agora que estava sozinha. A presença de Anita pairava sobre ela como uma nuvem carregada, pronta para desencadear uma tempestade a qualquer momento.

CRAWLING - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora