Dez.

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Verônica se viu sentada em seu lugar de escrivã, enquanto Anita interrogava Katia Corrêa, mãe de Juliana, vítima recém identificada. A mulher chorava copiosamente desde o momento de sua chegada. A dinâmica imposta na conversa era o mais acolhedora que Anita poderia ser, afinal, era uma mãe depondo sobre a vida de sua filha, agora morta.

Anita se sentou em frente à mulher de meia idade, com uma expressão calma e compreensiva, fazendo Verô estranhar a nova face da delegada, que sabia que o momento exigia sensibilidade e empatia, mesmo diante das circunstâncias difíceis do interrogatório.

- Sra. Corrêa, sei que este é um momento extremamente difícil para a senhora, mas precisamos entender melhor o que acontecia na vida de sua filha. Qualquer informação que puder nos fornecer será de grande ajuda para a investigação - começou Anita, com uma voz calma, mas ainda firme.

A mulher levantou o olhar, os olhos vermelhos e inchados pelo choro constante, as olheiras escuras, o semblante cansado. Ela fungou antes de falar, tentando controlar as emoções que ameaçavam transbordar a qualquer momento.

- Minha Juliana... Ela era tudo pra mim. Uma filha maravilhosa, sempre tão alegre e cheia de vida. Não merecia ter seu destino interrompido dessa forma cruel, estava conquistando sua vida, tinha sonhos... - disse a mãe, sua voz embargada pela tristeza.

Anita assentiu, encorajando-a a continuar.

- Ela... Ela era uma advogada talentosa, tava sempre empenhada em ajudar os outros. Tinha muitos amigos, adorava sair para se divertir... Eu só queria que ela fosse feliz, sabe? - a mãe desabafou, as lágrimas escorrendo livremente pelo rosto.

A delegada fez uma pausa, dando à mulher um momento para se acalmar, lhe entregando um copo com água antes de continuar.

Verônica registrava toda a conversa, enquanto sentia seu coração apertado ao ver tamanha dor. Uma dor dilacerante a olho nu que tornava o ambiente todo em um cinza triste.

- Sra. Corrêa, entendemos o quanto essa perda é devastadora, mas precisamos saber se a Juliana tinha algum conhecimento ou interação com alguém que pudesse estar envolvido nos eventos que levaram à sua morte. Algum ex-namorado problemático, alguém que a ameaçasse. Qualquer informação pode ser crucial para nós- explicou Anita, mantendo-se firme em suas perguntas.

A mãe de Juliana respirou fundo, tentando se concentrar apesar da dor avassaladora que sentia.

-  Minha filha não tinha inimigos... Não, não que eu saiba. Sempre foi tão amável com todos, tão querida... Não consigo imaginar quem faria algo tão terrível com ela. - Disse ela, soluçando entre as palavras.

Anita assentiu compreensivamente, registrando mentalmente as informações fornecidas pela mãe da vítima. Ela sabia, levando em consideração o cenário que estava a sua frente, o crime não viera de alguém próximo.

- Obrigado, Sra. Corrêa. Se precisarmos de mais alguma coisa, entraremos em contato. Por favor, tente descansar e cuidar de si mesma! - Anita disse, levantando-se.

Verônica observou Anita com o cenho franzido, jamais vira aquela versão de Anita. Sabia que embora as duas trabalhassem juntas, não estava presente em todos os casos da delegada, na verdade, fazia de tudo para evita-la, mas talvez outros conhecessem aquela Anita.

- Essa foi uma das coisas mais difíceis que já vi. É angustiante ver a dor de uma mãe tão de perto - comentou Verônica, com a voz estremecida pela emoção.

Anita assentiu, colocando uma mão no ombro de Verônica.

- Ta achando que isso aqui é a um parque de diversões, Torres? - A loira disse, fazendo Verô estremecer com o contato físico.

CRAWLING - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora