Quinze.

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Verônica chegou a delegacia atrasada naquele dia, mais um encontro com Paulo, que acabou em mais uma discussão, a fez perder seu horário, sabia que estava no fio da navalha, já havia se atrasado recentemente. A delegacia parecia agitada, mais que o usual. Os telefones tocavam todos de uma vez, ninguém parecia ter tempo de parar para notar o atraso de Verônica, menos Anita, que já a encarava quando os olhos de Verô encontraram a delegada, parada em sua porta, parecendo impaciente.

- Escrivã. - A delegada a chamou, voltando para dentro de sua sala.

Verônica fechou os olhos com força por poucos segundos, antes de largar suas coisas em sua mesa e ir até a sala de Anita, que estava ao telefone. Na mente da escrivã, flashs da noite passada surgiram. Os suspiros, os gemidos, a causa deles. A água quente em seu corpo, enquanto sua mão tocava seu centro. O calor, o ritmo acelerado de seu coração.

- Segura do jeito que ta, daqui a pouco eu to ai! - A mulher disse irritada, desligando em seguida.

Verônica se sentia inquieta enquanto Anita voltava seus olhos para a escrivã.

- Aconteceu de novo. - Ela disse sem rodeios. - Temos mais uma vítima!

Verônica sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir as palavras de Anita. Sua mente se esvaziou dando lugar apenas para o que estava em sua frente, o caso.

Mais uma vítima significava mais uma família dilacerada, mais uma vida brutalmente levada. Ela respirou fundo, preparando-se para o que viria a seguir.

- Quem é a vítima? - perguntou Verônica, tentando manter sua voz firme.

Anita assentiu, entregando a Verônica um arquivo com os detalhes do caso.

- O nome dela é Carla Santos. Encontraram o corpo dela esta manhã, em parque próximo à sua casa. Ela tem marcas de estrangulamento, assim como as outras vítimas. - Explicou Anita, sua expressão séria. - Precisamos ir pra lá agora. - A delegada disse impaciente, vendo Verô assentir.

As duas desciam até o estacionamento em um silêncio incômodo, a cabeça de Verônica presa na vítima, a de Anita no atraso da escrivã.

- Não olha o celular, Escrivã? - Anita finalmente se pronunciou. - Como quer estar na equipe se não consegue nem atender uma ligação? - A loira disse irritada, dando a volta em seu carro.

Verônica esperou o carro ser aberto e se viu no banco do passageiro mais um vez.

- Me desculpa... Eu tive um problema pessoal. - Verô sentiu a irritação de Anita. Por que estava tão brava, afinal?

- Que você leva o trabalho pra casa eu já sei, agora que traz sua casa para o trabalho é novidade! - A delegada disse com desdém.

Anita se perguntou o mesmo, por que o atraso de Verô a incomodava tanto? Seria algo com o marido de novo? Uma volta? E por que Verô parecia tão corada toda vez que olhava nos olhos da delegada?

Verônica se contorceu em seu lugar, incomodada. Sabia que estava errada e aquilo era uma merda.

- Já mobilizei uma equipe para investigar o local do crime e colher depoimentos de testemunhas. Aparentemente temos algumas dessa vez! - Anita falou, fazendo um brilho aparecer no olhar de Verô.

Testemunhas podiam ser cruciais para avançarem na investigação e encontrar o assassino.

- Ele agiu de forma diferente! - Verônica constatou.

Anita apenas grunhiu em resposta, seu rosto ainda exibindo um semblante sério e desconfiado.

Sem conversas, sem provocações, mas com a mesma tensão entre elas.

CRAWLING - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora