Verônica se revirava na cama, o peso dos seus ombros parecia insuportável, a cabeça latejava incessantemente. Ela sabia que a causa de sua insônia naquela noite não era Paulo, como costumava ser nos últimos meses. Algo mais perturbador a consumia, em um fluxo constante de pensamento, flashs em sua memória, uma memória recente que a levava de volta para aquele lugar, no meio daquelas árvores, encarando aquela forma humana dilacerada.
E ao deixar a delegacia, no final do seu turno, era apenas isso que aquela vítima era, uma forma humana, sem identidade, sem nome, sem alma. Prata, médico-legista e amigo de Verô, já havia adiantado para sua amiga impaciente, séria difícil identificá-la devido ao estado de decomposição avançado. Aquilo tudo a assombrava mais do que a morena gostaria de admitir.
A mente de Verônica seguia em turbilhão madrugada a dentro, com ela se embolando entre os lençóis, inquieta. O silêncio da noite era interrompido apenas pelo pulsar de suas próprias angústias. Afinal, a cena grotesca não era seu único problema, Anita também marcava presença constante de em sua mente exausta. Os olhos frios e calculistas, as palavras ásperas ressoando em seus ouvidos. Ela se sentia aprisionada em um ciclo interminável de pensamentos, incapaz de encontrar paz mesmo na quietude da noite. A lembrança da cena do crime se entrelaçava com a sensação de estar sempre sob o olhar crítico de Anita, como se a delegada estivesse constantemente avaliando cada movimento, cada decisão de Verônica, com aquele sorriso presunçosos em seus lábios. Era uma pressão sufocante, uma constante fonte de ansiedade que parecia consumi-la por inteiro, mesmo quando ela fingia que não.
Com um suspiro resignado, Verônica fechou os olhos, tentando afastar as imagens perturbadoras que assombravam sua mente. Ela podia sentir o peso dos olhares de Anita, como se a delegada estivesse sempre presente, observando-a de perto, esperando por uma falha, um deslize.
Enquanto a escuridão envolvia seu quarto, Verônica se via mergulhada em um mar tumultuoso de memórias e sensações, tentando encontrar uma trégua em meio ao caos de sua mente. Ela sabia que não poderia escapar completamente da presença de Anita, mas esperava que, pelo menos por algumas horas, pudesse encontrar algum alívio no sono, que pudesse pelo menos se esquecer do que vira mais cedo.
No entanto, mesmo quando finalmente sucumbiu ao cansaço, a imagem da delegada parecia gravada em sua mente, uma sombra permanente que a acompanharia até mesmo nos recantos mais profundos de seus sonhos.
Verônica estava onde as fronteiras da realidade e da fantasia se mesclavam de forma inquietante. Em um lugar desconhecido, envolta por uma névoa densa que obscurecia os contornos ao seu redor. No entanto, uma presença familiar emergia das sombras, a figura de Anita se aproximando lentamente, com um sorriso enigmático nos lábios.
A delegada caminhava em direção a Verônica com uma confiança magnética, seus olhos fixos nos dela de uma maneira que a morena achava difícil de ignorar. Havia algo inegavelmente atraente na figura de Anita ali, uma energia intensa que parecia envolvê-la em algo irresistível.
À medida que Anita se aproximava, Verônica sentia seu coração acelerar. Ela podia sentir o calor do corpo de Anita irradiando para o seu, uma sensação que a fazia estremecer.
Quando Anita finalmente alcançou Verônica, ela estendeu a mão e acariciou suavemente o rosto da morena, seus dedos traçando linhas delicadas sobre sua pele. Um arrepio percorreu a espinha de Verônica, seu corpo reagindo instintivamente ao toque de Anita.
Verônica parecia hipnotizada, mas ainda assim, mesmo no calor do momento, sentia uma pontada de desconforto, uma voz sussurrando em sua mente que aquilo não era real, que era apenas uma ilusão. Aquela não era Anita e aqueles não eram os sentimentos de Verônica pela loira, ou será que sim?
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CRAWLING - Veronita
RomanceA escrivã Vêronica Torres e a delegada Anita Berlinger enfrentam uma batalha entre o ódio e a atração enquanto investigam uma série de crimes brutais que está apavorando a cidade de São Paulo. Confrontadas com seus próprios sentimentos conflitantes...