Vinte e nove.

1.2K 124 55
                                    

RECOMENDO A LEITURA AO SOM DE "I CAN FIX HIM (NO REALLY I CAN)" DA TAYLOR!

Anita tinha a mesa de sua casa tomada por toda aquela papelada que havia conseguido de Prata por pura cortesia, e não podia negar, os relatórios do médico legista eram muito mais completos e complexos, embora algumas observações fossem concluídas sem qualquer pista forense mais forte. Prata parecia gostar de brincar de perfilador, fazendo a loira se sentir em um episódio de CSI, e para a irritação da mesma, muita coisa ali fazia sentido.

A delegada sentia seu corpo tenso enquanto organizava tudo aquilo, sentindo aquela sensação familiar, mas que se tornou ainda mais presente naqueles últimos dias.

O peso em seus ombros, o desconforto em sua nuca, o silêncio opressivo de sua casa vazia, tudo isso contribuía para o clima desconfortável que envolvia Anita naquele instante, fazendo a Delegada encarar o relógio algumas vezes, torcendo para que Verônica chegasse logo.

Anita esperava, revisando os relatórios minuciosamente, absorvendo cada detalhe quase como se tivesse fome de qualquer informações relevante que fosse. As anotações de Prata lançavam luz sobre aspectos do caso que não haviam considerado anteriormente, e a perspectiva do médico legista oferecia uma nova camada de compreensão sobre o comportamento do assassino em série.

No entanto, mesmo com todas as informações disponíveis, Anita ainda sentia-se inquieta. Odiava sentir que estava perdendo a mão, sentir que o controle estava escapando entre seus dedos. Se sentia frustrada, sentimento repugnante aos olhos da loira, mas que batia em sua porta todos os dias há semanas.

A ausência de Verônica parecia crescer juntamente com aqueles pensamentos desprezíveis, uma ausência quase palpável que a perturbava mais do que ela gostaria.

Finalmente, o som da campainha quebrou o silêncio, e Anita sentiu um arrepio de expectativa percorrer sua espinha. Ela se afastou da mesa e se dirigiu à porta, ansiosa para ver o rosto familiar de Verônica e sentir o alívio de presença.

Seu coração deu um salto ao abrir a porta e ver Verônica parada em sua frente, com um olhar feroz e determinado. O simples fato de vê-la ali, na porta de sua casa, era o suficiente para acalmar temporariamente as tempestades que rugiam dentro de Anita.

- Entra. - Anita disse, com a voz mais suave do que pretendia.

Verônica assentiu e entrou, fechando a porta atrás de si.

Seus olhos encontraram os de Anita em um olhar carregado de algo que nenhuma das duas ousaria nomear, com seus corações disparados. Verônica sentiu suas mãos levemente úmidas, enquanto encarava os olhos verdes de Anita, com as pupilas dilatadas, sentindo por um momento todo o resto desaparecer enquanto elas se encaravam em silêncio.

Anita observou Verônica em sua casa, sentindo uma mistura de alívio e desconforto. Ela havia passado dias longe da escrivã, acreditando na ideia de estar retomando o controle de seus sentimentos, mas ao ver a morena, a ideia caiu por terra como um frágil castelinho de areia.

Continuava fora de controle.

- Precisamos falar sobre o caso. - Anita começou, sua voz cortante e direta. - As anotações de Prata são... Interessantes. - Deu a volta na mesa, tentando desgrudar seus olhos de Verô, tentando parecer desdenhosa como era de costume.

Verônica concordou, seu rosto sério e determinado. Estava ali para trabalhar, para resolver o caso, não para lidar com as tensões entre elas, ou com as borboletas que se debatiam em seu estômago.

CRAWLING - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora