Vinte e três.

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Anita tinha uma pequena equipe em sua frente que a escutava atenciosamente, enquanto a mesma explicava o passo a passo da nova operação. Com um mandado em mãos e o endereço do usuário "goodguy37", a delegada se preparava para agir.

Após as descobertas de Verônica, ilegais, mas totalmente úteis, foi fácil pegar o cara, afinal é sempre mais fácil quando você sabe quem procurar e não demorou até que Nelson encontrasse o cara e seguisse seu rastro.

Dois dias, esse foi o tempo necessário para que a polícia pudesse ter não só certeza, mas provas suficientes para ir atrás do cara em uma operação encabeçada pela delegada.

Anita gesticulava, sem deixar nenhum detalhe de fora e outra vez Verônica se viu na mesma posição, observando a força tática sem que pudesse participar. A delegada não era flexível quanto a partipação de Verônica nas operações em campo, aquilo não era novidade, afinal sempre deixou claro, mas aquele não era o único incômodo da escrivã.

Dois dias era também o número de dias desde que Verô deixou Anita em sua casa, sozinha. Dois dias desde estiveram juntas, apenas para não estarem mais logo em seguida, dois dias estranhos, dois dias que Verônica parecia mergulhada na mais pura inquietação.

Cada dia mais cansada de lutar contra si mesma, cansada de negar algo muito mais complexo que apenas uma atração. O problema era, o fim da negação não significava o fim do conflito, talvez só piorasse tudo.

- É bem óbvio e não tem espaço pra erro. - Anita disse firme.

A mulher vestia o uniforme da polícia, uma roupa preta que a deixava imponente. Com seu cabelo bem preso em um rabo de cavalo baixo, sua postura firme. Linda de um jeito totalmente desconcertante, fazendo Verônica se perder algumas vezes.

A equipe começou a se movimentar, aos poucos deixando a sala, com os últimos detalhes ajustados, e por ironia do destino, ou não, deixando apenas delegada e escrivã a sós.

- Escrivã. - Anita disse passando por ela, prestes a deixar a sala.

Em um movimento rápido, um impulso, Verônica segurou Anita pelo braço, conseguindo a atenção da loira.

- Me deixa ir. - Verônica disse.

- E eu achando que você não ia encher a porra do meu saco hoje... - Os olhos da delegada estavam grudados nos olhos escuros da escrivã. - Mas seria bom demais pra ser verdade, não é, Torres?

- Anita, eu...

- Eu já sei... Você conseguiu as evidências e nossa, como é merecedora de estar lá, meus parabéns. Mas a minha resposta é não e você já sabe disso.

Anita deixou a sala irritada, mas ao sentir a ausência do toque de Verônica um incomodo cresceu em seu estômago. Incômodo que só aumentou à medida que ela se afastava da sala.

Prestes a sair em campo, a delegada entrou em sua sala, buscando cinco minutos para si, atrás de um pouco de ar. Ninguém nunca teve tanto efeito nela como Verônica tinha e aquilo era perturbador.

A escrivã sempre foi um enigma, sempre despertou muito mais em Anita do que a mesma se permitia transparecer. Acreditar que aquilo era novo seria uma grande bobagem, anita estava alimentando algo que havia nascido há muito mais tempo do que poderia admitir.

Não podia negar que a cada vez que se aproximavam as coisas se tornavam mais intensas, que a cada provocação, a cada toque, a cada vez que se deixava sentir aquilo, algo dentro de si mudava. E tudo parecia se intensificar a cada dia.

Respirou fundo, vestindo sua máscara mais uma vez, deixando o escritório disposta a deixar as coisas como estavam.

- Tudo pronto, Lima?

CRAWLING - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora