Dezenove.

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RECOMENDO A LEITURA AO SOM DE SHAMELESS - CAMILA CABELLO

Dias se passaram, mas tudo que envolvia aquele caso parecia se arratar lentamente, cada passo da investigação precisava ser minucioso, e isso levava tempo, tempo que Verônica sabia que não existia. Com a cabeça constantemente fervilhando em ideias, estratégias, planos. Parecia sempre ser levada a lugar nenhum, como se desse voltas e voltas.

Respirou fundo, passando a mão pelos cabelos.

Já era noite do lado de fora da delegacia, fim de expediente de um dia daqueles para a escrivã, que não sabia se sentia mais raiva, cansaço ou frustração.

Nelson estava monitorando diversos chats da dark web há dias, esperando qualquer contato que fosse, criando expectativas enormes em Verô, que só se frustrava mais a cada dia, sem que nada surgisse.

- Vai Verô, ficar aqui nessa delegacia não vai mudar muita coisa! - Ele disse enquanto arrumava suas coisas. - Vamo, arruma suas coisas.

Verô suspirou, sendo vencida pelo amigo, recolhendo suas coisas rapidamente.

Os dois deixaram a delegacia juntos, caminharam poucas quadras até um bar que sempre iam. Era dia de esfriar a cabeça, coisa que Verônica precisava bastante.

Com os ombros um pouco mais relaxados e um copo de cerveja nas mãos, Verônica suspirou, reflexiva.

Enquanto Nelson e Verônica compartilhavam aquele momento, o ambiente descontraído parecia contrastar com a tensão que ainda persistia em envolver a escrivã. Verônica mexia distraidamente na borda do copo, perdida em pensamentos, enquanto Nelson tentava trazer um pouco de leveza à situação.

- Sabe, Verô, às vezes é preciso dar um passo para trás para enxergar o quadro todo... - Nelson disse, com um sorriso reconfortante. - Nem sempre as respostas surgem imediatamente. Às vezes, é preciso um pouco de tempo e paciência.

- Não sinto que a gente tenha tempo, Nelson.

- E temos escolha?
Verô se ajeitou em seu lugar, claramente incomodada.

- Não é só o caso, sabe? Ultimamente tudo tem um peso enorme. Paulo, o trabalho, Anita...

O nome da delegada escapou de seus lábios. Se lembrou de alguns dias atrás, do beijo, das provocações. Dali em diante parecia cada dia mais envolvida numa teia de aranha, quanto mais tentava se livrar, mas enrolada ficava. Droga, como seu desejo havia crescido, e como aquilo a perturbava.

- Paulo sempre foi um problema, né? Anita também. - Nelson disso, fazendo Verô rir ao concordar. - Tudo segue normal, então.

Verô sorriu, sabendo que escondia muito mais do que uma rivalidade ou uma desavença no trabalho com Anita. Tinha virado algo muito mais complexo.

- Chega, não vamos mais falar de problemas, vai! - Nelson disse, fazendo um sinal, chamando um garçom até a mesa.

O homem, que vestia o uniforme do local, não demorou a vir, sendo simpático ao anotar o pedido de Nelson: Duas doses de tequila!

- Nelson! - Verô reclamou da ideia.

- Verô! - O amigo rebateu. - Você ta numa fossa a meses, vai. Se solta, só hoje.

Verônica concordou, sabia que ele estava certo. E assim que a bebida chegou até sua mesa, os dois viraram sem hesitar, de uma vez só.

Ainda sentindo o álcool arder em sua garganta, Verônica teve sua atenção roubada ao perceber Lima e Moraes entrando no bar. Não era novidade, aquele lugar era frequentado pela maioria do DHPP. A novidade era a presença de quem vinha atrás deles, conversando de forma descontraida com seus dois lacaios: Anita.

CRAWLING - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora