—Está se apaixonando.—Constata Kristen na manhã seguinte.
Eu a ignoro enquanto arrumo meu cabelo e vou auxiliar meu irmão com o tênis que está com os cadarços embaraçados.
—Ele quem está apaixonado.—Maddox diz sabiamente e com um tom severo.—Idiota. Não pode namorar com um cara que te obriga a tomar cafés que sempre odiou.
Suspiro pesadamente ignorando meu irmão mais novo também, mas aceitando que sua contraposição é correta.
Esse é o defeito em Sebastian. Ele altera meus gostos para que se pareçam com os seus.
Não posso namorar com ele por isso.
Tá, ele apenas me ofereceu que eu experimentasse todas essas coisas, e eu gosto de agradar, ele também é carinhoso e respeitoso, ele ri das minhas piadas e gosta de ser sincero.
Meu coração insiste em reforçar que todos temos defeitos, mas minha mente diz: Fuja.
Em caixa alta, com sombreado neon.
—Mas isso mostra que está se apaixonando.—Reafirma minha melhor amiga.—Você quer provar tudo que ele oferece, pois gosta dele.
Reviro meus olhos e termino o trabalho com os cadarços.
—Ele é um pesadelo.—Rebate meu irmão.—O único gosto que poderia ter mudado em você, era as músicas ruins, mas ele apoia. O cara odeia que você tenha gostos bons.
Arregalo os olhos para Maddox, supresa com suas palavras afiadas.
—Ele só é uma pessoa diferente, Mad. Homens não são como nos livros: Perfeitos e cachorrinhos que mandamos e desmandamos.—Kris discute.—São reais e na maior parte do tempo insuportáveis.
Minha cabeça pesa com tantas opiniões, mas o fato de uma mulher de vinte anos discutir com uma criança de onze, me deixa levemente humorada.
—Minha irmã merece mais.
—Já chega.—Exclamo.—Eu quem devo dizer se quero ou não algo com Sebastian. Vocês dois não podem interferir em, absolutamente, nada.
As duas crianças se mantém em silêncio até que uma batida na porta nos desperte.
Me levanto ajeitando o cabelo e ignorando a risada maliciosa de Kristen e o revirar de olhos do meu irmão.
—Oi.—Falo ao encarar os olhos castanhos.
—Bom dia.—Cumprimenta sorrindo.
Sebastian está vestindo um moletom simples e uma calça jeans. Na cabeça não está o boné comum, mas sim uma touca preta básica combinando com suas luvas.
Me pergunto se ele não está sentindo frio com as poucas roupas.
—Vamos logo.—Madd passa por nós interrompendo a troca de olhares.
Suspiro pesadamente.
Faço um aceno para Kris e começamos a caminhar até o carro lado a lado.
—Não sei se é uma boa ideia.—Murmuro para Sebs.—Maddox é difícil, e muito sincero.
—Ele já deu suas opiniões sobre mim?—Pergunta.
Eu assinto.
Opniões certeiras.
—E você acha que ele está certo?—Questiona diminuindo a velocidade dos passos e me encarando profundamente. Quero dizer que não, que Mad é uma criança, que ainda não sabe o que diz, mas ao mesmo tempo sinto que aquele garoto falou algumas coisas que fazem sentindo (tirando a parte em que mencionou meu gosto ruim para músicas, claro).—Acho que sim.
Arregalo os olhos e nego com a cabeça, mas isso não convence Sebastian, que apenas caminha em silêncio e abre a porta do carro para que eu entre.
O caminho é silencioso até a cafeteria, pois quando Sebastian fala com o "carinha", ele o ignora de braços cruzados e lábio inferior formando um bico.
Sentados já na mesa da cafeteria, Maddox encara Sebastian como se fosse matá-lo.
—Um café puro, um cafe de abóbora, um double-double e um...—Sebastian passa os olhos no meu irmão.—O que vai querer, carinha?
—Capuccino.—Murmura.—Com chocolate.
—Ok. E um cappuccino com chocolate. Quero duas tortas amanteigadas e um bolo de chocolate meio amargo, mais um...
Sebastian olha novamente para o meu irmão.
—Bolo de cenoura com chocolate.—Murmura o pré-adolescente.
O garçom vai embora com nossos pedidos e eu suspiro.
—Quando começa o seu treino, Sebs?—Pergunto tentando quebrar o gelo.
—As nove, gatinha.—Explica.
Olho no relógio e vejo que já são quase nove horas.
—Não vai se atrasar?
Ele nega.
—Vamos tomar café e vou levar o carinha para treinar comigo.—Explica.—O que acha, Mad?
Os olhos escuros do meu irmão brilham em empolgação, mesmo que sua resposta seja um resmungo irritadiço, sei que a felicidade está transbordando.
Nossos pedidos chegam minutos depois, e eu fico com meu café amargo e meu café de abóbora, minha torta amanteigada e meu bolo meio amargo.
Isso faz minha mente revirar.
Ele sabe que me apaixonei por café de abóbora, mas também sabe que eu amo café puro, por isso desde o primeiro dia em que viemos aqui faz os dois pedidos.
Isso é tão fofo.
Mas fica ainda melhor quando o vejo roubar meu café puro e bebericar alguns goles da xícara enorme, fazendo uma careta a seguir.
—Por que está tomando isso se não gosta?—Maddoz pergunta para mim.
Eu desço meus olhos a ele.
—Eu gosto desse, chatinho.—Falo tocando em um dos seus cachos.—Sebastian me pediu para experimentar um dia e eu acabei me apaixonando.
Meu irmão dá de ombros.
—Está tentando mudar os gostos dela?—Pergunta diretamente.
Sebastian solta um pigarro e coça a nuca.
—Gosto de como ela parece uma velha senhora de oitenta anos, mas gosto mais quanto ela experimenta coisas novas e sorri animada, por isso quero mostrar a ela tudo que ainda não viu, bebeu, comeu ou tocou.—Sebs diz naturalmente, mantendo os olhos firmes nos do meu irmão.—Não quero mudar nada, porque sua irmã é perfeita assim. Só quero vê-la sorrir radiante como faz todas as vezes em que toma um café de abóbora.
Ah. Meu. Deus.
Ele está apaixonado.
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Querido Sebastian
RomanceMelinda Winfred é uma boa garota. Ama sua família mais que tudo e ama cafés amargos também. Em seu último ano na Universidade de Montreal, no Canadá, Melinda conhece o astro de hóquei universitário Colin Balenger. Ou Sebastian para os íntimos. Col...