Melinda Winfred é uma boa garota. Ama sua família mais que tudo e ama cafés amargos também.
Em seu último ano na Universidade de Montreal, no Canadá, Melinda conhece o astro de hóquei universitário Colin Balenger.
Ou Sebastian para os íntimos.
Col...
Abro os olhos sentindo uma dor pesar nos meus ombros e me estico na cama.
Não há músculos me abarcando como noites atrás e nem um corpo dez centímetros menor se aninhando a mim.
Não há ninguém.
Só solidão.
—Sério, sua cara é feia quando acorda, mas está pior hoje.—Kris afirma me encarando.
Eu reviro os olhos e tapo meu rosto da claridade que entra pelas janelas.
—Só quero tomar um café bem amargo, comer uma torta sem um pingo açúcar e iniciar essa terça-feira de merda.—Choramingo criando forças para me erguer da cama.
Minha amiga se aproxima com os olhos azuis atentos.
—Melinda.—Chama.—Quer conversar comigo? Fiquei preocupada ontem. Você dormiu o dia inteiro e não acordou um minuto sequer para se alimentar ou se hidratar.
Eu abro um sorriso sem humor.
—Cansaço.—Explico.—Estou bem hoje.
Kris nega segurando meus ombros e se sentando à minha frente.
—Não quero perturbar sua mente, mas se precisa de ajuda, eu posso falar com as minhas mães.—Sugere.—Uma é psiquiatra e a outra psicóloga. Só quero que fique bem. Sei que tem muita pressão em seus ombros este ano.
Assinto com os olhos marejados.
Não há medo maior na minha vida que viver como a minha mãe. Ela saiu de uma pessoa e entrou em outra em questão de semanas. Seus olhos perderam o brilho, seu toque ficou frio e até seu sorriso ficou sem cor.
Ela dorme a maior parte do tempo, esquece que precisa se alimentar e alimentar meu irmão. Ela não consegue se levantar para tomar banho alguns dias e se estressa quando percebe sua dependência em remédios controlados.
Eu não quero uma vida assim.
—Obrigado, Kris.—Agradeço e me aproximo para um abraço.—Eu nem te parabenizei decentemente pela notícia boa anteontem.
Kris se afasta com um sorriso largo e coloca a mão na minha direção, onde uma aliança de prata reluz com um pequeno diamante do anel solitário.
—Ele é um fofo, Mel.—Diz com a voz manhosa.—Me deu flores, uma aliança e muito doce.
Aponta para a cesta em cima da cômoda e eu caio na risada.
—Isso é demais!—Exclamo e começamos a rir.—Caraca! Ele é bregamente fofo.
Kris franze o cenho pela expressão.
—Bregamente?
Assinto.
—É que quando Sebastian diz alguma coisa...—Paro de falar.
Sinto um aperto no coração quando toco em seu nome. Me lembro dos meus apelidos bregamente fofos e das risadas com covinhas.
Droga! Com tantos lugares pra ele estar, tinha que ser justo na minha cabeça?
—Ainda estão brigados?—Pergunta e eu nego.
—Não foi uma briga. Fui sincera com ele.—Explico.—Disse que não queria um relacionamento, e disse que achava melhor não sairmos mais.
Kris arregala os olhos.
—Por que?—Grita.—Oh, meu Deus! É por isso que Darius falou que eles brigaram ontem no treino.
Franzo o cenho.
—O que tem a ver?—Questiono.
—Darius disse que Colin costuma ser calmo, nunca se envolve em problemas, mas ontem ele se estressou com algo que meu namorado disse e os dois caíram no soco.—Conta encenando os socos e balançando o cabelo loiro ao fim da história.—Eles foram suspensos. Estão na fraternidade hoje.
—Puta merda.—Xingo.—Mas... Acha que ele está estressado por minha culpa?
Kris revira os olhos.
—Não! Isso não é culpa sua, mas as vezes ele está se sentindo mal pelo acontecido e acabou descontando nos mais próximos.—Explixa sabiamente.—Quando meus sentimentos ficam confusos, preciso ir no meu psicólogo e os colocar no lugar para poder lidar com qualquer situação. Se não acabo como Colin e Darius.
Ela sorri.
—Eu... Não sei se é uma boa ideia me relacionar agora, Kristen.—Pondero.
—Está apaixonada por ele?—Pergunta direta. Dou de ombros.—Se estiver apaixonada por ele, não perca essa chance, Mel. Sei que foi sincera com ele, mas antes disso deveria ter sido sincera consigo mesma. Desde o primeiro dia em que se viram, eu notei que era diferente. Nunca te vi olhando para ninguém daquela forma e nunca vi alguém olhar tão apaixonado para você como ele olha.
Suas palavras queimam minha garganta e um sentimento estranho vai nascendo em mim.
O arrependimento.
Arrependimento por não ter agarrado minha chance e ter magoado os sentimentos de quem eu gosto.
—Você acha que daria certo?—Pergunto com a voz embargada.
—Eu não sei, Mel.—Nega sorrindo.—Precisamos nos arriscar para saber. Se nunca houver tentativa, nunca haverá recompensa.
De repente minha amiga inconsequente virou uma ótima conselheira. De repente eu tive a melhor conversa da minha vida.
E de repente eu me vi apaixonada pro Sebastian Colin Balenger. O jogador de hóquei. O meu atleta musculoso. Meu Sebastian. Meu Sebs...
Ta, acho que já entenderam.
Eu estou apaixonada!
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