Querido Sebastian

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Ando distraidamente entre as cadeiras do estádio, enquanto Sebs treina dentro do rinque.

Já me acostumei com essa rotina, e até mesmo fiz algumas amizades com as namoradas dos outros caras, porém hoje eu não quis me aproximar delas.

Minha mente anda cheia demais com todos os problemas, e Sebastian diz que estou aérea a maior parte do tempo.

Penso demais no meu irmão, na saúde da minha mãe e tento controlar o medo dentro de mim apenas ao pensar em perdê-la. Tenho que enfrentar quase um ano de faculdade pela frente, antes que eu possa voltar para casa e ir cuidar deles.

Isso me mata.

—Até mais, Mel.—Lucy passa por mim sorrindo e eu devolvo com um aceno simpático.

Kristen odeia vir nos treinos do Darius, diz que não tem paciência em esperar mais de uma hora e meia para que ele saia.

Mas eu a entendo. Kris tem passado muito tempo enfurnada na mesa de estudos para realizar um trabalho.

A faculdade deixou de ser algo divertido há um certo tempo e agora todos nós passamos dias esgotados de tanto estudar.

Caminho para a saída dos jogadores, já com consciência que meu namorado seria o último a sair.

Sebastian é enrolado com tudo que se propõe a fazer.

Assim que o avisto com uma mochila nos ombros, moletom vermelho, calça cinza e um tênis esportivo, suspiro alto.

Posso ver essa cena milhares e milhares de vezes durante o tempo que ficarmos juntos, mas acredito que eu sempre vou achar incrível a maneira que ele fica gostoso com seus passos largos e descontraídos.

Sebastian enfia a touca cinzenta na cabeça e vem andando até mim com seu sorriso ladino.

—Oi, minha linda.—Me abraça apertado e beija o ponto atrás da minha orelha.

—Oi.—Sussurro acariciando seu pescoço.—Vamos?

Ele assente.

Entrelaçamos nossas mãos e vamos andando para fora do estádio rumo ao carro dele estacionado pouco mais à frente.

—Você precisa realmente ir?—Sebs pergunta manhoso e acaricia meu cabelo enquanto andamos.—Nosso primeiro natal namorando e não vamos passar juntos.

Choraminga e eu sorrio fraco.

—Teremos muitas oportunidades pela frente, Sebs.—Cutuco sua costela.—Sabe os motivos de não podermos passar juntos.

Ele assente e beija minha têmpora inspirando o cheiro do meu cabelo em seguida.

—Eu sei, gatinha.—Fala com um sorriso subindo aos seus olhos castanhos.—Mas mesmo assim quero que me ligue de chamada de vídeo.

Dou uma risada.

Sebs abre a porta do carro para mim.

Eu vou para Brounch na próxima semana para o Natal com a minha familia. Mamãe ainda está se recuperando e eu não quero envergonhá-la ao levar Sebastian para ver nossos problemas de perto, mesmo que eu saiba que ele jamais nos julgaria.

Ainda sim sinto uma dor no fundo do meu coração ao imaginá-lo sozinho durante tantos Natais, já que nunca teve uma família com a qual pudesse conviver. Esse seria o nosso momento. Momento de aproveitar com ele e mostrar o quão bom é estar em família.

Ele se preocupa o tempo inteiro em me agradar de todas as formas possíveis, só queria retribuir.

Me dá vontade de beijar sua boca e me fundir junto a ele para nunca ficarmos separados.

Sorrio com o pensamento.

—Como foi a sessão com a psicóloga hoje?—Sebs pergunta enquanto dirige para fora do campus com a mão possessivamente na minha perna.

Eu suspiro.

—Foi legal.—Murmuro.—Ela é muito... Boa.

Assinto vagarosamente.

—Que bom.

Sebs me olha de canto, mas não pergunta mais sobre o assunto, apenas liga o som do carro e sorri quando os acordes de uma música do Justin Timberlake começa.

Há uma semana comecei a fazer terapia com a mãe da Kris. Ela disse que não me cobraria nada e eu fiquei super feliz com isso, já que pedir dinheiro ao meu pai para mais uma despesa seria uma merda.

Sebastian está claramente preocupado, mas disfarça quando eu o encaro.

Queria não deixá-lo assim, mas ao mesmo tempo não consigo controlar essa onda de sentimentos avassaladores.

É tão difícil.

Não sei se consigo aguentar tudo isso.