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Ele conseguiu

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Ele conseguiu.

Meu Sebastian é o mais novo jogador do Montreal Canadiens.

O encaro sorrir na tela do celular pela transmissão ao vivo da NHL. Ele sorri contido, o que me faz gargalhar por algum tempo.

As entrevistas são rápidas e diretas, algumas ele sorri, mas na maior parte se mantém sério e agradece a todos.

Não cabe o orgulho que estou dentro do peito.

Um dia depois dos Drafts, um dia antes de Sebastian chegar em Brounch para matar a saudade de tantos dias longe um do outro, eu decidi sair com alguns colegas do colegial.

Como um reencontro do último ano, para comemorar nossas "quase" formaturas na faculdade, enquanto alguns já estão se formando este ano.

Eu gargalhei como nunca. Contei a todos como estava feliz por meu namorado, disse que me casaria com ele aos vinte e cinco e bebi três cervejas brindadas em seu nome.

Mas bastou uma ligação.

Uma ligação que não precisou ser atendida pra ser compreendida.

Bastou uma simples ligação para destruir e devastar tudo que eu havia conquistado até aqui.

Era a mamãe. Eu já sabia.

Boca seca, mãos suadas, olhos queimando e a porra de um coração que parece ter sido pisado por uma manada de elefantes.

Não sei como e nem quando eu cheguei no hospital. Não sei como não desmaiei quando escutei a notícia.

Desculpe, mas ela não resistiu.—Falou a enfermeira de branco.

O mundo ficou em silêncio pela primeira vez.

Minha cabeça não pensava em nada.

Não escutei Maddox chorar, nem percebi quando o meu pai chegou.

Meus olhos tentavam acompanhar a velocidade dos passos das pessoas dentro daquele lugar branco e bem iluminado. De repente o cheiro de álcool que tanto me incomodava, desapareceu, deixando no lugar um cheiro de dor, de angústia.

Eu queria parar o planeta, queria dar um pause para que ele parasse de rodar e esperasse eu me recuperar só por uns instantes. Talvez eu só quisesse 15 minutos rápidos para que as lágrimas saíssem dos meus olhos e um grito alto ecoasse pela minha garganta,

Só precisava de minutos.

Mas o mundo não me deu isso.

Não tive nem ao menos cinco minutos, pois precisei ignorar toda a minha dor para segurar os ombros do meu irmão e acalmá-lo. Ele estava em choque.

Seus olhos tão ingênuos, agora pareciam aterrorizados.

Ele estava com a mamãe quando aconteceu. Viu tudo diante de seus olhos e não pôde fazer nada. Eu o deixei, o abandonei para comemorar algo que eu nem devia estar comemorando. Abandonei as pessoas mais importantes que existem na minha vida, e olha o que aconteceu.

Querido SebastianOnde histórias criam vida. Descubra agora