A semana se inicia com uma ligação inesperada do meu pai.
Não que ele seja um pai ruim, mas desde o momento em que se separou da mamãe, as ligações não foram frequentes, nem mesmo em dias especiais como natal, ano novo, dia de ação de graças ou aniversário.
Eu não me importo com isso. Não ligo se ele se importa com a minha existência ou não, mas sei de um carinha de onze anos que se importa, então faço questão de eu mesma ligar para o doador de esperma e avisá-lo para ligar lá em casa.
—Quero saber se está tudo bem, ursinha.—Fala com seu tom de voz grosseiro.
—Tá sim, pai.—Murmuro de volta encarando a neve caindo pela janela da sala vazia.
A conversa não dura mais de cinco minutos, mas ao fim ele me envia uma transferência com uma quantia em dinheiro o suficiente para pagar minha mensalidade e meus gastos mensais.
Mais tarde é a vez de Maddox ligar no meu celular e quase me deixar surda com os berros sobre ter assistido um jogo no final de semana.
—Isso é legal, Mad.—Exclamo enquanto escrevo loucamente um seminário no notebook.—Você vem no final de semana?
O garoto suspira.
—Claro que sim, Melzinha.—Cantarola.—Vamos comer batata-frita no jantar, e você?
Faço uma careta com isso. Uma criança não deveria comer assim. Eu não comia assim.
Por isso me levo a pensar que mamãe deve ter piorado.
—Vou jantar a comida que tiver no refeitório, ainda não fui olhar o que é.—Explico.—Vou te esperar com muitos filmes no sábado, ok, jogador?
—Ok, ok, irmã.—Escuto sua risadinha.
—Tenho que desligar, Mad. Nos falamos depois.—Me despeço.
A semana segue corrida com muitos trabalhos e atividades para serem entregues e feitas. Minha cabeça parece estar quase explodindo quando chego na sala de aula do professor demônio pela segunda vez na semana.
O docente encara cada alma que passa pela porta de entrada após cinco minutos de atraso, como se fôssemos as piores espécies de seres vivos.
A aula é tão complicada, que nem tenho tempo de varrer o local a procura de Sebastian.
Assim que começo a caminhar pelo campus indo atrás de alguma comida, avisto longe minha amiga agarrada a Darius Lukov, que ainda está vestindo uma roupa de academia.
—Olá.—Cumprimento me aproximando.—Darius!
Exclamo sorrindo.
—Gatinha do Balenger.—Cumprimenta de volta.
Droga!
Ele não poderia ter caído e batido a cabeça causando uma perca de memória recente?
Suspiro.
—Vamos comer, Kris? Estou faminta e cheia de ódio para soltar sobre algumas pessoas.—Encaro os olhos azuis cintilantes.
—Darius e eu...—Ela olha para o cara alto e pensa por alguns segundos.—Vamos.
Decide por fim.
—Não quero atrapalhar nenhum plano.—Balanço as mãos ao ar.
Na realidade eu quero atrapalhar todos os planos deles e me sentar com minha única amiga naquele refeitório, comer aquela comida de gosto duvidoso enquanto solto todo o veneno entalado na minha garganta.
—Claro que não, Mel.—Kris nega.—Darius vai almoçar com os amigos também, então podemos comer todos juntos.
Esclarece.
Isso é pior do que pensei.
—Com amigos...—Começo franzindo o cenho.—Você quer dizer todo o time de hóquei?
Darius assente normalmente.
Suspiro.
—Tudo bem.—Aceito.
—Para a sua tristeza o capitão não estará entre nós.—Darius avisa.—Ele pegou uma matéria com um professor demoníaco esse semestre, então está passando os dias trancado enquanto estuda.
Ah.
—Que pena.—Falo.
Sinto meus ombros caírem.
Não que eu queira ele aqui.
Porra, nos vemos há menos de uma semana. Eu ainda o vi de relance por aí.
Não é que...
Argh!
Dane-se.
Preciso focar na prova que terei após o almoço, não posso simplesmente deixar um brutamontes delicioso que acha sexy eu me esfregar nele como uma cachorra no cio, me atrapalhar em um momento assim.
Forças, Melinda Winfred!
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Querido Sebastian
RomanceMelinda Winfred é uma boa garota. Ama sua família mais que tudo e ama cafés amargos também. Em seu último ano na Universidade de Montreal, no Canadá, Melinda conhece o astro de hóquei universitário Colin Balenger. Ou Sebastian para os íntimos. Col...