Capítulo 9 - E o Jogo Começa

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Decolávamos já há tempo demais para o meu gosto... Eu realmente não estava mais acostumada com este tipo de coisa, afinal, todo aquele rolo na Terra Save, depois o sumiço do meu irmão e depois o desaparecimento do Leon.

Tudo ocupou tanto minha cabeça que me sinto até uma novata neste ramo, que piada. Depois de tudo que vi e tive que enfrentar, essa situação parece até estranha para mim. Aqui, dentro deste avião com os três melhores parceiros que eu poderia ter, não consigo nem ao menos ter algum tipo de ideia do que está nos esperando naquela ilha.

Mas quero respostas...

Vou em busca de respostas e nada vai me impedir.

Quando ocorre uma turbulência, meu estômago embrulha e reviro os olhos tentando me desvencilhar dos pensamentos ruins. Então vejo o Chris com a Jill de olhos grudados um no outro e de mãos dadas... Meu irmão sorri daquele jeito todo apaixonado dele e beija a mão dela que o puxa para mais perto, então desvio.

Céus, não posso com isso...

Romance alheio para mim não dá agora.

Então viro para o Leon e o vejo de olhos fechados, pressionando a testa como se tentasse se esforçar em algum pensamento. Eu apenas observo curiosa o seu jeito, então o cutuco com o cotovelo e ele abre os olhos repentinamente me encarando de maneira séria.

-- Você está bem?

-- Estou.

-- Está sentindo alguma dor nos machucados?

-- Não, é só... Dor de cabeça.

-- Hum... Certo.

Ele balança a cabeça e respira fundo com uma expressão estranha... Mesmo parecendo pensativo e angustiado, permaneço calada apenas o observando o tempo todo, vendo claramente sua tensão. Então ele pisca várias vezes, coça o braço e volta a pressionar os olhos fechados, mas continuo com meus olhos nele.

Esse braço...

Ele só coça ESTE braço e NAQUELE exato lugar.

Observo em silêncio e reparo que já havia alguns pequenos arranhões na área, também reparando em um pequeno inchaço ocasionado provavelmente pelo esfregar das unhas na pele.

Isso tem alguma ligação?

Me sinto boba em achar uma coceira estranha, mas... Céus. O médico disse que parecia ter algo no braço dele, será que é isso? Mas o outro médico disse que tudo estava bem e não tinha nada.

No que devo acreditar?

E em quem devo acreditar?

Acho que no momento só em mim mesma.

Quando o Leon coloca sua mão em sua testa, parece que muda para uma expressão de dor profunda, então vejo que de seu nariz escorre um pouco de sangue e me assusto.

-- Leon!?

Ele balança a cabeça e abaixa a mão, então abre os olhos sem me olhar. Eu puxo um lenço do meu bolso e puxo seu rosto em minha direção para limpá-lo, mas ainda não olha para mim.

-- Quer tomar alguma coisa?

-- Não, eu... Vou ficar bem.

-- Você NÃO está bem.

-- Mas vou ficar, não se preocupe comigo.

Certo...

Quem pode teimar com ele?

Entrego o lenço a ele que pressiona em seu nariz e encara o vazio com a mesma expressão estranha, então mais uma turbulência acontece. Seguro no banco, mas noto que ela é triplicada em duração e intensidade, mas para e o avião continua.

Mente SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora