Capítulo 30 - Pressentimento

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O teto continuava a descer.

Os livros voavam para todos os lugares, mas com nossa educação quanto ao lugar se esvaindo completamente, os móveis começaram a voar e o Leon com o Chris começaram a quebrar as estantes para ver o que elas cobriam.

-- TEM QUE TER UMA SAÍDA!!!

Alguém grita, mas continuo.

Não podíamos mais ficar em pé porque os espetos estavam perto e por mais que eu andasse agachada, senti um deles roçar minhas costas e me abaixo mais, olhando nervosa para as coisas que estavam prestes a nos fatiar.

-- AQUI! AQUI! ENCONTREI!

A voz da Jill veio de algum lugar e vi ela diante de uma passagem na parede por onde passou depois que o Chris fez sinal a ela e esperou por mim. Me apresso quase rastejando, mas ao chegar no buraco, escorrego por ele enfim longe dos espetos e caio de cara num chão áspero e úmido.

-- Ai...

Sussurro para mim mesma.

Olho ao redor e sinto braços me ajudarem a levantar.

-- Tudo bem?

Jill me olha preocupada e concordo, então olhamos para cima na direção do buraco e o Chris surge já seguido do Leon. Mas não me admiro quando ambos caem em pé, bem diferentes de mim.

Não tive muito treinamento, desculpe!

Sorrio pela piada própria e olho ao redor.

-- Bom... Bem melhor do que espetos no teto.

Jill fala ao observar o lugar, mas com um barulho estranho vindo de uma das direções, nem me surpreendo mais. Este lugar parece infestado pelos piores tipos de criaturas que já criaram. E por um lugar frio, úmido e escuro, muitas coisas podem gostar de morar por aqui... E ainda melhor: várias direções para seguir. Corredores largos com piso molhado e paredes pingando. Barulho de goteiras por toda parte com ecos de patas e sons estranhos trazidos por eles.

-- Tem coisa aqui...

-- Vamos continuar, talvez tenhamos sorte de não descobrir o que é.

Chris e Jill conversam e começam a caminhar para o lado oposto. Sigo com eles, mas ao ouvir uma risada leve de atrás de mim, viro e vejo o Leon com um sorriso de canto e fico sem entender.

-- Se for boazinha, prometo não contar ao Chris.

-- Contar o quê?

Ele me mostra a moeda que o Chris encontrou no livro e enfio a mão no bolso o sentindo vazio. Então sorrio e quando vou pegá-la, ele fecha a mão e a enfia no bolso com um sorriso travesso.

-- Acho melhor eu cuidar disso agora.

-- Foi um acidente!

-- A manivela cair do bolso do seu irmão também.

Reviro meus olhos e ele sorri, me deixando extremamente mal acostumada ao vê-lo tão bem e sorridente. Mas quando se aproxima me puxando para perto, meu coração acelera e posso ver que ele olha em direção ao meu peito como se pudesse perceber isso antes de mim.

-- Como vivi tanto tempo sem você, Ruivinha?

-- Não sei... Sempre me perguntei isso.

Ele ri comigo e acaricia meu rosto.

-- Vai me dar mais uma chance?

-- Vou tentar, eu prometo.

-- E eu juro que será a última vez... A vez que dará certo.

Mente SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora