Capítulo 32 - Prisão

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Tudo parecia menos pior naquele corredor bem cuidado, mas como se atravessássemos outra dimensão, ao abrir a próxima porta me deparo com outra escadaria... Uma que levava para baixo outra vez, em algum lugar frio, úmido com ecos monstruosos vindo do local.

-- Será que não encontramos outro caminho?

Jill pergunta, mas começo a descer as escadas a frente.

-- Não temos tempo.

Ouço que começam a me seguir e ao passar pela próxima porta, vejo celas... Uma prisão. Os corredores se assemelhavam ainda mais com verdadeiros labirintos e quando ouvi a Jill passar por último pela porta, grades desceram rapidamente lacrando o caminho... Ou seja, sem volta. Alguém quer que continuemos a seguir por aqui, o que obviamente nos faz ter a certeza de que este é o pior caminho.

Mas não importa... Não podemos perder tempo.

Quanto mais tempo eles têm com o Leon, mais podem bagunçar a mente dele outra vez... Mais podem enfiar coisas erradas e machuca-lo para isso. Mais podem destruir o pouco que tinha do meu antigo Leon dentro dele.

Céus... Ajude-nos.

Sabe Deus o que estão fazendo com ele agora... Torturas? Agulhas? Pinças? Cortes? Pancadaria? Eu finalmente sentia que ele estava me deixando entrar em seu coração outra vez e o arrancam de mim. Eu podia sentir o toque doce e sincero dele em minha mão, aceitando de uma vez por todas a minha ajuda para mostrar a realidade verdadeira, mas então eles vêm... E o tiram de mim. O afastam de um jeito que tenho medo de pensar como pode ser.

Será que voltaremos a vê-lo antes do fim?

Será que... Voltaremos a vê-lo?

Andamos pelas celas, sentindo o cheiro de sangue e podridão... As pequenas prisões estavam imundas, com sangue seco por todos os lados e pedaços apodrecidos de coisas que eu nem queria saber, espalhados pelo chão.

Ouço tossidas baixas e vejo a Jill parecendo segurar o vômito, mas o Chris se aproxima preocupado e ela sorri forçadamente tentando parecer bem.

Continuo pelos corredores, vendo as celas começarem a surgir com cadáveres e sacos pretos com corpos dentro. Pedaços de corpos e sangue decoravam o lugar, fazendo insetos e ratos contornarem os montes com total desespero fazendo desta vez eu enjoar... Mas quando vejo com o canto do olho um saco se mover, me viro e miro a arma. Ele para.

Sei que vi, não posso mais estar tendo alucinações.

-- Viu alguma coisa?

Meu irmão sussurra e balanço a cabeça.

Faço sinal para passarem apressados e eles seguem caminho, comigo seguindo mais apressada pelo lugar. Eu ouvia sons estranhos para mim e o cheiro piorava a cada passo, se é que é possível.

Quando escuto mais um barulho em uma das celas a frente, viro para lá, mas a Jill se aproxima de um dos corpos pegando uma AK-47 velha e enferrujada. Só que ao analisá-la, ela sorri para o meu irmão, mostrando que provavelmente ainda estava funcionando. Pelo menos UMA boa notícia.

Então mais um barulho...

Todos apontamos nossas armas a frente, onde escuto claramente um saco se abrir e de uma das celas a frente, uma sombra se aproxima... Uma respiração entrecortada. Como se tivesse dificuldade para puxar o ar, fazendo aquele som invadir toda a prisão.

Engatilhamos as armas e a coisa sai das sombras. Um corpo alto, magro, pálido e liso, completamente ausente de algum pelo ou cabelo. Seu rosto era completamente desfigurado e seus lábios haviam sido substituídos por presas enormes assim como suas unhas deram lugar a garras afiadas e nada acolhedoras.

Mente SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora