Capítulo 2 - De Volta ao Lar

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O minuto de silêncio que se estabeleceu na cozinha naquele instante me afogou em um turbilhão de lembranças e esperanças sem fim.

Meu irmão estava pálido e com receio de me dizer algo, então sinto mais uma lágrima de agonia escorrer pelo meu rosto enquanto meus olhos imploram por uma boa notícia.

-- Ele está vivo, Claire...

Eu coloquei as mãos no rosto agora aliviada de uma maneira que não me sinto há meses e me entreguei as lágrimas presas dentro de mim, sentindo o abraço quente e carinhoso da Jill.

-- Ele foi encontrado e levado ao hospital...

Volto a olhar para ele que ainda tinha uma expressão esquisita.

-- Onde o encontraram? Em que hospital o levaram? Como ele está?

-- Estava largado em um beco da cidade... O levaram para o hospital central e parece que está... Bem. Na medida do possível.

-- Como assim?

Ele desviou de mim coçando a cabeça como sempre fazia quando queria me esconder algo e o encarei.

-- O que ele tem, Chris?

-- Está bem, vivo, isso que importa...

-- O que está me escondendo?

-- Eu vou para lá ver como ele está e volto assim qu...

-- Eu vou junto!

-- Espere eu ir primeiro, Claire, depois voc...

-- Não me peça isso depois de seis meses esperando por uma notícia dele!

-- Chris...

Jill olha para ele de forma negativa e ele desvia concordando para mim, mas pegando o celular e indo para porta.

-- Eu vou primeiro, venham quando puderem.

-- Vou com você...

-- Claire!

Jill me puxou e mesmo comigo brava pelo impedimento dela, não conseguia descontar nem um pingo de estresse nela, que sempre foi tão boa comigo, me apoiou, me defendeu e jamais se recusou a enxugar as minhas lágrimas em plena madrugada de desespero e agonia.

-- Não quer se arrumar para vê-lo?

Eu desvio dela e olho para mim, de pijamas, provavelmente descabelada e com olheiras horríveis.

Ela tem razão...

Preciso estar do jeito que ele se lembra de mim.

-- Sim, tudo bem.

-- Eu vou na frente, me procurem quando chegar...

-- Tudo bem, mas vá com calma.

-- Certo.

Ele dá um beijo rápido na Jill e sai pela porta parecendo tenso, então me viro para ela que também olha desconfiada para aquela direção.

-- Ele está escondendo algo, não está?

-- Está, sim... Mas veremos quando chegarmos lá, vá se arrumar.

-- Tudo bem.

Eu saio dali direto ao meu quarto e vejo como minhas mãos tremem e diante do espelho, vejo meus olhos vivos de uma maneira que eu não via há muito tempo e de repente um sorriso contorna meus lábios junto com lágrimas de alívio.

O encontraram...

Eu sabia que isso aconteceria...

Ele está vivo!

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