Capítulo LII: Quase 22 anos e escrevendo mais uma vez sobre nós

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Oo processo de escrever sempre foi algo muito íntimo e pessoal pra mim e desde quando me conheço por gente, esse sempre foi o momento que conseguia me sentir mais eu, onde conseguia me conectar com meus sentimentos, reviver as memórias e reviver quem eu sou. Nos últimos anos, não tive mais esse processo, ele foi se perdendo como fui me perdendo de mim mesma. Hoje, eu me sinto perdida dos meus sonhos, das minhas vontades, de quem eu queria ser, da minha personalidade, tudo em mim parece estar revirado como uma casa abandonada de muitos anos e para falar a verdade, eu me abandonei ao longo dos anos. Antes eu tinha outras prioridades e com você aparecendo na história, a minha prioridade muitas vezes se tornou o nós.

Na última noite, um estalo pairou sobre mim e uma incógnita sobre o que nós somos uma para outra. aos longos desses anos, eu fui a pessoa que não queria ser para você e você foi pessoas que eu não queria ter por perto pra mim, mas ao mesmo tempo, foi tudo que eu buscava e queria, eu me apaixonei por você tão intensamente que me ceguei para muita coisa que não deveria, eu me permiti acreditar em tantas palavras suas, ruins e boas, porque te amava muitas vezes mais do que gostava de mim e faz um tempo que fui percebendo isso, e acho que você percebeu essa mudança em mim também. Uma das coisas que mais repeti é que nos momentos que estamos bem, eu sinto uma força tão grande em mim e uma felicidade tão imensa como se eu até brilhasse, como se o sol em um dia ensolarado fosse eu, mas quando não estamos, eu me sinto tão mal, em um buraco tão profundo como se nada em mim fizesse sentido, como se minha existência não importasse para mais ninguém, como se eu não fosse algo desejável na vida de ninguém e isso é normal? É, talvez não.

Essa noite eu percebi como você é diferente com raiva e é essa parte que eu nunca vi você ser da porta para fora. Eu já havia percebido isso, muitas e muitas vezes, você demonstra esse lado pra mim. muitas vezes, eu me senti especial por isso, sabia? Eu achava que você conseguia fazer se sentir tão segura para mostrar um lado vulnerável comigo como se não se sentia com mais ninguém, mas ter te permitido ter tanta intimidade e tanta vulnerabilidade comigo fez você conhecer maneiras de me magoar como ninguém, agir como ninguém nunca havia agido e eu tentei acreditar que isso era afeto, mas você sabe que não é. toda vez que está com raiva, eu vejo seu lado que não se importa se eu for embora, eu conheço o lado frio, o lado distante, o lado que sabe o que me machuca, o lado sombrio, o lado que usa as palavras para me destruir e me que assombra por dias, que me causa uma ansiedade tão profunda e me faz sentir mais perdida do que estou. você sempre me disse que quando parava de se importar, você conseguia ser assim, mas toda briga, todo momento confuso nosso, você mostra esse lado seu para demonstrar para mim como seria se a gente acabasse e isso me amendronta, me dá calafrios do que você poderia ser no depois.

Eu acho que nunca conseguirei entender o seu lado da vingança, de devolver na mesma moeda, de fazer com que o outro sinta a mesma dor que você. Eu sei que são seus mecanismos de defesa, mas eu acreditei tanto que comigo seria diferente, eu acreditei tanto na mudança disso em você, mas depois de mais de seis verões juntas, eu já me acostumei com algo incômodo e que me perfura de dentro para fora diariamente. e eu não queria ter me acostumado e relevado tanto, te confesso.

Eu queria conseguir falar tudo isso para você olhando no seu rosto, mas é tão difícil porque eu sempre me enrolo, eu não consigo controlar minhas emoções como você e isso faz eu me sentir ainda mais vulnerável e pequena perto de você, você demonstra isso no seu rosto, o desdém quando me vê chorar todas as vezes. Eu nunca fui a pessoa mais perfeita do mundo, eu fiz coisas que não me perdôo, mas as vezes me pergunto se faz tudo isso como uma maneira de se vingar de mim por dores que te fiz sentir, será que isso tudo é culpa minha? Eu causei esse lado seu e eu sou a culpada por eu me sentir tão mal assim? Você me causa essas dúvidas que não sei se vou conseguir responder.

Eu escrevo isso tentando achar um jeito de te entender e me entender ao mesmo tempo, entender se faz sentido a continuação dessa história se nos momentos ruins, nós não conseguimos nos impedir de ser ruins uma para outra. Faz sentido continuar com uma pessoa que você não imagina um futuro juntas, que não se compartilha os mesmo sonhos? Eu te amei e me apaixonei por tudo que você é, eu criei uma relação tão profunda com tudo que representa você, até mesmo os seus defeitos, mas eu não sei mais se consigo aguentar essa parte que muitas vezes você não entende e não consegue explicar, mas que eu sei que vai pedir desculpas de manhã por ela emergir, o lado que sempre procura na raiva uma maneira de descontar seus sentimentos em quem não quer seu mal e nunca quis, um lado que eu não queria que existisse mais entre nós, mas existe e eu não sei mais se tenho força de esperar do seu lado isso passar.

Um dia, você vai lembrar dos meus poemas sobre nós. (2018)Onde histórias criam vida. Descubra agora