Capítulo XVIII: Entre a travessão e o ponto final da história.

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Tudo começou da travessão, da letra maiúscula e dos dois dedos na folha e um dia, tudo irá desaparecer em um ponto final, talvez em uma exclamação ou uma interrogação que ninguém conseguiu responder mas durante o meio, durante as letras entre esses extremos, tudo pode acontecer. Nós vamos renascer, sentir falta, sentir vazio, nascer de novo, querer morrer, querer gritar, querer que o sol apareça quando a chuva te molha e querer que a lua ilumine cada vez que nos sentirmos apaixonados assim como iremos querer que ela apague sua luz só para não mostrar para a platéia toda a nossa dor do buraco, da cratera que alguém fez quando decidiu ir embora.

Entre esses dois extremos, nós iremos magoar muitas pessoas, machucar, cortar, ferir e entender nossos próprios limites, barreiras, nossas próprias merdas e loucuras. Entre os dois dedos da margem e o ponto final, nós iremos querer respirar cada detalhe diferente a nossa volta. Nós iremos querer sentir tudo, ser tudo, ter tudo e perceber que sempre estará faltando algo nas pessoas, em nós mesmo porque o ser humano é pura insatisfação, em si e até em quem ama mesmo sabendo, na alma que ninguém consegue seguir aquela linha. Ninguém consegue se impedir de querer sentir tudo, de querer ter tudo, de errar, de ferir sem intenção assim como quis que o mundo todo entrasse dentro de você e mostrasse tudo o que se tem para aprender em um piscar de olhos, uma risada ou uma palavra.

Antes de chegar na exclamação, se perdoe e perdoe todos aqueles que pisaram na bola e pensaram ser o certo naquela instante da vida mas depois, perceberem que talvez fosse mais intenso daquela forma do que do jeito que chegou na interrogação. Tenha gratidão até mesmos pelos machucados porque todo mundo se machuca, todo mundo mexe com você de alguma forma, todo mundo se engana e já foi enganado mas acima de tudo, cada um viveu da forma que achou mais certo naquele segundo da vida, da forma que se sentiu mais completo, da forma que sorriu mais, da forma que viu mais cores, da forma que escutou a música mais bela na estação do rádio. Todos viveram sentindo dores, faltas e vazios como sentiram sorrisos, afeto e abraços. Viveram renascendo e vivendo do jeito que quiseram antes do ponto final, da exclamação ou da interrogação que ninguém consegue responder.

Um dia, você vai lembrar dos meus poemas sobre nós. (2018)Onde histórias criam vida. Descubra agora