Capítulo XXX: Correr, correr, correr.

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Eu senti tanto medo de que o que aquilo se tornou no começo durasse porque quanto mais tempo tem, mais preso fica e, mais tem possibilidade de cortar quando cai no chão e quebra. Eu contei os minutos em pequenas riscas pretas na parede branca do lado da minha cama para que cada traço, sem importância com tamanho, ângulo, formato. Geometria não é o forte aqui. medo não é o princípio mas o amor, ele é.

Sabe, nunca foi sempre sobre dois. É sobre andar, voltar para o mesmo ponto como se nunca tivesse andado nada mas ainda sim, ter valido à pena acima de qualquer amor romântico. Eu mesma era o ponto de partida e de final. Entendi isso de setembro do ano passado até aqui. Quando senti cada passo que tomei nas costas e dor do joelho, compreendi em mim que não era mais só um. O ponto de início não era mais só um protagonista quando chorei tanto porque atletismo do meu ver se tornou sobre duas pessoas.

Existe um sentimento de correr, correr, correr e ainda não ser o suficiente enquanto não chegar no ponto do vizinho e invadir. Teus bens não me interessam, não quero roubar nada. A caminhada doeu as costas e os joelhos, oferecer água não machuca.

O sentimento de só voltar sempre para o mesmo lugar não me satisfaz mais e não completa o pulmão. Involuntariamente, eu quis sentir as batidas do interior encostando o ouvido na tua pele, o nariz para o cheiro, a testa na tua para entender a tua dor nos pés mesmo que do lado de fora. Tu fala, fala, fala e ainda não é o suficiente enquanto não chegar em tudo que existe dentro e invadir, fazer parte, respirar do mesmo jeito, do calor igualitário o teu.

Ainda sinto medo de bilhões de asteriscos que você coloca. Sinto tudo como se fosse bom até quando me machuca e eu não entendo o imenso porquê de machucar. Talvez a gradeza de não ser mais um só aqui dentro ainda não seja compreendida por inteiro porém, eu sei. Sei que enquanto o medo ainda estiver, tenho que lidar com ele. As vezes, nós sabemos, colocamos dentro da mente mas ainda não conseguimos absorver com a esponja.

Não é mais só um. São dois e isso me assusta também. Eu nunca entendi que amor fosse isso até a paixão do protagonista aparecer na história e mudar cada detalhe em um estalar de dedos. O medo de que eu deixe você estalar os dedos e tome a história pra si grita bastante mas não importa mais. a história já é tão nossa e acho que não é isso que me machuca. Me machuca pensar que talvez a história seja clichê para você, que você não acredite que seja digna de uma adaptação no cinema. Tenho medo de que depois de ter deixado você fazer parte do amor de dois, você queira correr, correr, correr para outro ponto do vizinho da frente.

Eu vi amores tantas vezes, cheguei a ver alguns tentarem me fazer sentir como se eles fossem o que eu deveria invadir e tomar posse mas nunca se tratou de roubar, eu te disse. Eu não quero nada de você além de que me veja, que corra, corra, corra até o meu ponto, que respire do mesmo vento e abrace o que sou para que o medo, não seja mais algo lidado, que seja só uma memória vista de longe.

Abri cada caixa para você e não tenho ideia se esqueci de alguma no canto do porão. Sei que todas que importam, você viu. você tem a chave em si sem nem notar. Eu quis amar você até em raiva. quis sentir as batidas do interior encostando o ouvido na tua pele, o nariz para o cheiro do teu lugar, a testa na tua para entender a tua dor nos joelhos e pés mesmo que do lado de fora. Eu chorei tanto mas ainda, só para você. Minha sensibilidade nunca foi só para um até passar pela tua porta. As lágrimas desceram mais que em um ano inteiro ontem porque sinto tanto medo de que o que eu cabe em dois agora, tome mais do que já tomou de mim e ninguém no mundo saiba como controlar amor desenfreado.

Medo de não entender, medo de até colocar os pés em chão incerto mesmo com tantas certezas que tu me deu. Minha loucura é maior que o mundo.

Senti tanto medo, mas eu sinto tanto por teu ponto vizinho. Tantos "tantos" que não consigo acreditar mais que algum caiba tudo. Eu tenho medo do que pode acontecer se ano que vem, não sinta nem um pingo de gota d'água por essa vizinha do lado direito. Eu tenho medo de um bilhão de coisas que existem no escuro. De qualquer forma, eu sinto tanto e vou correr, andar e nadar independente de nunca seja o suficiente só para chegar mais perto do que existe dentro da tua partida e final.

Um dia, você vai lembrar dos meus poemas sobre nós. (2018)Onde histórias criam vida. Descubra agora