Capítulo XXXIX: Me devora, mulher

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Quanto mais me derretia por você, mais eu sentia meu interior por inteiro entrar em erupção. Eu senti a lava queimando minha carne interna enquanto tua boca passeava atrás do meu ouvido. Eu ouvi cada palavra mal lavada e cada borbulho do meu corpo sendo queimado pelas chamas. Eu me senti no inferno, me senti queimar e as chamas me tomavam inteiramente toda vez que apertava meu vestido e respirava fundo, tão fundo que senti em mim. Eu senti você apagar o fogo e sua língua descer até onde mais ardia; foi lá que me senti dentro de uma fogueira. Nem mesmo uma tempestade poderia me apagar. Como fogos de artifícios, explodindo e minha garganta ardendo pelos gritos presos de êxtase.

Eu me senti flutuando entre a terra e o céu enquanto você me lambia, se grudava no meu suor, me batia e me fazia só sua. Eu me senti entre a terra e o inferno quando você mexia no seu cabelo bagunçado e eu o sentia encostando em cada pedaço da minha pele quando sua boca me perseguia, me moldando, me degustando, me sentindo, me provando, me virando do avesso. Eu me derreti por você e quando olhei para o teto, depois para o lado e vi seus olhos escuros como a madrugada às três, eu tive certeza que queria sentir meu interior arder para o resto da vida.

Um dia, você vai lembrar dos meus poemas sobre nós. (2018)Onde histórias criam vida. Descubra agora