Capítulo LI: Eu não escrevo há meses e isso não é um bom sinal.

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Eu me remontei por você.

Eu me escrevi milhões de vezes até você demonstrar minimamente no seu rosto que era do jeito que queria, do seu jeito. Eu, sozinha no mundo, sem ninguém, me encosto em você pra conseguir viver, respirar e dói tanto já que vivo no escuro, e esse amor que um dia existiu, se tornou dependência aguda. Eu mudei minha vida, meus gostos, quem eu era pra caber na sua vida e nunca foi o bastante, nunca é.

Eu me rendi as piores situações e perdoei as atrocidades que saíram de você, me atravessando por completo. Eu durmo pensando, eu acordo pensando, penso acordada e não some de mim, não limpa depois de milhares de banhos. Eu minto para mim para não te doer, para não te enfurecer, para cuidar de você quando te dói, para não se magoar enquanto eu sou consumida, enquanto eu seco e não existe mais nada de mim mesma. Enquanto você me chamava, esquecendo os últimos 20 segundos, eu reconstruia em minha cabeça cada palavra e ação, deitada no chão.

Eu finjo tanto e ninguém vê, ninguém olha. Não era para ser assim, eu nunca imaginei dessa forma, eu sonhava tanto com um futuro que esfarelou, mas de certa maneira, como você disse, talvez eu mereça. Talvez eu mereça o cansaço, a dor, o desânimo, a insegurança, a ansiedade para não ficar sozinha porque ninguém ficaria por mim além de você, porque ninguém nunca ficaria porque eu não mereço, nunca mereci. Três anos se passaram e eu nunca percebi o que você poderia se tornar porque eu acreditei que não merecia quando brilhava, mas agora, eu acredito que eu mereço porque me destrói.

Um dia, você vai lembrar dos meus poemas sobre nós. (2018)Onde histórias criam vida. Descubra agora