Capítulo XLIX: Ser brilhante é um eufemismo.

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Minha tia disse uma vez que eu sou brilhante como o sol e eu me pergunto se isso traz um custo muito grande, bem maior que os benefícios. As vezes, brilho arde os olhos e usar óculos o tempo todo é cansativo para maioria, provavelmente até para você. Talvez, você seja aquele 1% que se adapta fácil aos raios, porém com o tempo, a estrela não passa de uma bola de rocha que permanece esfriando, esfriando, congelando. Minha língua não é tão embolada, eu não falo coisas tão inteligentes e não tive acesso a bilhões de coisas. Não sou tão autodidata quanto você e não leio tão bonito. Não, minha voz não é bonita como a sua, na verdade é extremamente irritante e sonho todos os dias com a suavidade que me falta. Eu tenho brutalidade no toque, meus fios finos de cabelo ficam seco depois de dois dias de lavagem enquanto você, fica com o cabelo bonito todos os dias (até molhado) e eu não me visto tão bem quanto você, ou elas. Eu leio poucos livros por ano por preguiça e não entendo coisas rápido, eu faço muitos perderem a paciência e o custo é grande. Eu não falo nada além do português e não sei nem cantar um música em inglês inteira. Ter personalidade forte não te traz benefícios e é um eufemismo para insuportável. Minha tia disse que eu sou brilhante e por enquanto, não sei se você odeia o que queima seus olhos ou se acostuma até se enjoar, mas, de qualquer forma, em um momento, você percebe que tudo isso é um eufemismo e que ser brilhante não vale de nada.

Um dia, você vai lembrar dos meus poemas sobre nós. (2018)Onde histórias criam vida. Descubra agora