Capítulo L: A construção da peça.

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Você sabe, nós sabemos que nunca foi puramente apenas pelo ato, mas por tudo em volta e que componhe peça. seu cabelo bagunçado são o cenário perfeito, sua boca são os dançarinos flutuando em cima de mim, o palco que pulsa por incontáveis danças. Seus olhos são a música que constroem o ambiente, que fazem a plateia apenas sentir os arrepios nos braços com cada nota mais grave. Suas mãos são as roteiristas e eu me remexo, anseio todos os dias para ser um roteiro ameaçador e instigante para elas, que me façam uma verdeira obra de cinema. Seu cheiro grudado em mim é a harmonia quando o clímax da peça chega, quando coração de cada telespectador dói e grita por mais, quando o protagonista encontra seu par, quando eles se beijam, se sentem e queimam.

Nunca foi sobre apenas a ação, foi sobre conjunto de sentimentos que correm em mim, sobre o calor que eu sinto me incendiar ao lembrar antes de dormir, sobre o ar faltando no peito e você me dando um pouco do seu em meio a um sorriso que me desmonta. É sobre o desmontar por você, sobre te sentir no avesso da minha carne, sobre querer grudar, grudar tanto até você me atravessar. É sobre sentir o mais fino toque arrepiar meus ossos e o suspiro quente da sua boca arder a minha pele, meu corpo, minha alma e minhas próximas vidas. É sobre o conjunto de ações, sobre o espetáculo que é sentir o alvoroço de você dentro de mim, sobre te sentir me cruzando, te sentir me quebrando em bilhões de pedaços e ainda me sentir completa. É sobre o gosto do suor nas suas costas, no seu pescoço, nas suas coxas, sobre o gosto do seu beijo molhado, da sua língua se enrolando e enrolada como linha na minha. É sobre suas palavras sujas, sobre o encaixe, sobre o morno que sobe como um furacão, como uma fogueira. Nunca foi puramente pelo ato, mas só nós duas sabemos o que existe dentro dele e é tudo pelos detalhes.

Um dia, você vai lembrar dos meus poemas sobre nós. (2018)Onde histórias criam vida. Descubra agora