Capítulo XXI: Tu invadiu, se infiltrou e fez de tudo seu.

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Eu desejo, de todas as formas, jeitos, modos, sentir incontavelmente cada fragmento teu. Eu suplico para que todas as noites eu possa rebobinar as memórias e poder ter a sensação novamente dos riscos que tu poderia trazer se te deixasse entrar.

A porta estava trancada, eu escondi a chave de mim mesma para não me deixar levar a permitir alguém mais entrar. Tu bateu nela, sorriu pela janela, me chamou para sair, para te conhecer, para me convencer a deixar seu caos invadir, eu procurei a chave pela casa, a revirei sobre o sofá e as roupas sujas. Quando eu abri a porta, tu entrou sem medo ou maldade, me enganou e fez tudo aquilo que era meu, seu também. Tu se marcou nas roupas, na cama, dentro da geladeira, nas paredes e nas lâmpadas. Eu tentei limpar, me forcei a te expulsar mas aos poucos, aquelas marcas que tanto quis limpar com aguá e sabão, me faziam ver como elas deixaram a casa mais sua, mais bela, mais indecifrável, mais do que jeito e forma que eu sempre quis que fosse. No final, a expulsão não teria sentido porque não tem mais como expulsar do coração quem o já tem por inteiro. 

Um dia, você vai lembrar dos meus poemas sobre nós. (2018)Onde histórias criam vida. Descubra agora