Capítulo XXXII: Me salve na chuva, W.

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Quando Willoughby foi embora, após cortar uma mecha do cabelo de Marianne e levar consigo, ela chorou por dias. Ela se sentava a mesa de jantar e não conseguia ouvir em nenhum momento, um comentário sobre o tempo pois se não, a dor aumentava ao lembrar do sorriso dele nos dias quentes com o contraste das árvores retorcidas que ela tanto admirava. Chorava ao tocar músicas mais melancólicas no piano e sua garganta ardia ao lembrar dos duetos. Somente músicas tristes. Elas se tornaram a melodia oficial do chalé de Barton.

No primeiro momento, te contei como me achava parecida com a irmã mais velha Dashwood entretanto, após tantas canções tristes que ouvi em menos de 24 horas, não consigo me achar mais. Espero que consiga sentir de onde estiver.

Willoughby, me diga, por qual motivo se foi? Sinto tantas coisas em mim, para te contar com entusiasmo, te declarar com paixão enquanto respiro as lembranças mais intensas de nós. Eu tenho tantos pensamentos, não pode imaginar o quanto eles me sugam e consomem tudo de mim desde que prometeu voltar todos os dias para uma xícara de chá.

Não, você não voltou.

Eu preciso de você, noto isso toda vez que lembro da tua existência e dificilmente, isso não está em minha mente em todo segundo. Mesmo após erros meus e minha mente conselheira me dizendo da tua felicidade futura longe de mim. Eu quero você de volta, para ler da forma mais humana, partes de você que jurei conhecer porém, sei que não conheço profundamente nem metade. Eu lembro de cada coisa do teu lado como se estivesse vivendo no presente, teu cheiro preso na minha pele e a textura do teu cabelo no meu tato. Sinto a energia, transmitidas de ti a mim, mesmo de longe, como se fosse a primeira vez.

Sinto tudo, querido Willoughby, intensamente e demasiadamente, tudo e não consigo ao menos saber e conseguir descrever "tudo" porque, é tão infinito, o limite não tracei e reconheço que nem um de nós irá achar a linha de partida. Só volte, para aumentar teu espaço em mim, na minha carne. Teu aroma que sinto a cada cinco pessoas na minha caminhada e choro, desejo sentir a cada três e lembrar de mais lembranças que ainda iremos desenhar como apenas um. Quando alguém é destinado a ti, inexistente serão os obstáculos. Nós iremos nos reconhecer e ver sempre, como somos a mesma música, a mesma poesia, a mesma teimosia, a mesma sensibilidade, a mesma dor, o mesmo choro, o mesmo riso, o mesmo ser.

Willoughby, lhe suplico que seja meu por uma eternidade ou duas, até que não exista mais dueto vagando sozinho para longe de nós dois.

Um dia, você vai lembrar dos meus poemas sobre nós. (2018)Onde histórias criam vida. Descubra agora