Ela estava ali, imóvel, completamente sem postura e com a expressão cansada de quem não dormia a duas noites.No dia que a mãe foi assassinada na porta de casa, eu cheguei o mais rápido que podia, mas cheguei tarde, quando entrei na mansão Ferrari, Vittoria estava no chão, sentando com mão nos braços, o rosto molhado em lágrimas, o braço sangrando. Foi um segundo, um minuto que os portões foram abertos e dois homens passaram de moto e atiraram para matar a mãe dela. Pegamos eles ainda na fronteira, tentando sair do Sicília. Eles ainda estavam num cativeiro sendo torturados, mas isso não traria a senhora Giorgia novamente. Ela poderia ter mil defeitos, todos eles. Poderia ser narcisista com a minha pequena, rancososa e ignorante. Mas Vittoria tinha um coração gigante e estava sofrendo o luto.
Não podia fazer nada por ela. Cruzei os brancos na frente do corpo observando de longe o corpo sendo velado, o pai da minha mulher estava ali, dando o apoio necessário a Vittoria, ela só vinha falando o básico, comigo, e com qualquer um que aparecesse pela frente. Nas últimas duas noites, não conseguiu dormir direito, acordava várias vezes assustada e chorava, até pegar no sono novamente. Eu estava anotando cada coisa, iria cobrar da Nadja, e de quem mais fosse culpado por essa merda.
Minha esposa deu um passo a frente e depositou uma flor sobre o caixão antes de voltar a chorar e ser amparada pelo pai, que vinha sendo forte pela filha.
— Ela precisa de muito apoio agora— Eu olhei para Rael e balancei a cabeça concordando— Tire um dias com ela, eu cuido das coisas…
— Obrigado— Falei baixo olhando envolta o lugar cheio de pessoas vestidos de preto, de forma elegante.
— A Nadja entrou em contato comigo uma vez— Rael me olhou— Dizendo que estava disposta a esquecer tudo e fugir comigo…a gente devia se aproveitar disso para pegar ela.
— Uma possibilidade, mas não vamos pensar nisso agora— Eu concordo.
Me afastei dele e caminhei até Vittoria que mantinha os olhos no caixão, passei a mão por seus ombros. Beijei o topo da sua cabeça.
— Vamos embora? Pra você descansar?—Vittoroa concordou com um aceno de cabeça e se afastou indo dar um último abraço no pai dele.
Ela passou por mim e eu acenei para o meu sogro antes de me virar e ir atrás dela. Entrei no carro e olhei para a minha esposa quieta no banco, me torturava não saber o que estava passando na cabeça dela, e se eu perguntasse, ela não ia me responder. Apenas encostei a cabeça no banco e fechei os olhos ficando em silêncio.
(...)Sai do banheiro e olhei Vittoria na cama, dormindo serena, a região abaixo dos olhos estava escura em contraste com a pele alva, os cabelos estavam soltos com cachos esticados, pois antes ela usava coque. As pernas dobradas. Me aproximei da cama me sentando na beira e a observei, eu faria tudo para que o luto não fosse tão doloroso. Aquela mulher não era a melhor mãe de todas, pelo contrário, era uma narcisista terrível. Mas eu entendo a dor da Vittoria, minha esposa tinha um bom coração e ia sofrer da mesma maneira.
Ela se remexeu na cama e abriu os olhos me olhando por algum tempo, antes de rastejar a mão pelo colchão e pegar a minha unindo nossos dedos.
— Eu acho que sou terrível— Murmurrou.
— Você é um anjo— Ela negou olhando pra baixo.
— Anjos não teriam os pensamentos que ando tendo— Meu coração acelerou, ela não podia estar falando em se matar, espero que não não.
— Quais pensamentos você anda tendo, amorzinho?— Ela rolou os olhos e piscou pra mim.
— Eu quero ver sangue— Disse me surpreendendo— Estou cansada disso, quase mataram a Esmeralda e o bebê, e agora foi a minha mãe. Eu quero estripar eles, todos.
Não sabia se ela estava falando isso por raiva, se era só um momento de tristeza ao qual ela queria vingança. Mas sempre aprendi que devia existir um certo equilíbrio, se não ficamos loucos.
— Eu sei o quanto você está triste com o que aconteceu com a sua mãe— Falei— A sua mãe se meteu num problema que não era dela, entende isso?—Ela se sentou na cama e piscou os olhos um par de vezes— Ela cavou a própria cova quando se meteu com eles na tentativa de trair a Cosa Nostra—Seus olhos brilharam em lágrimas ao ouvir a verdade, era dolorosa, mas necessária— Eles não teriam atirado nela se ela não tivesse se metido com eles— Minha esposa me encarou dobrando os joelhos e apoiando os braços neles, me observando.
— Só estou cansada disso, desde que casamos não temos sossego— Disse baixinho— Eu estou chateada com o que ela fez…mas ela morreu, ela era a minha mãe.
— Sabe por que ela fez aquilo?
—Minha mãe queria que o Don ficasse viúvo— Franzi a testa— Ela sempre quis que eu me casasse com ele, mas o Rael se casou com a Esmeralda.
— E eu?— Vittoria mordeu o lábio, e eu fechei os olhos.
No dia que eu estiver no inferno, eu vou matar ela lá também! Filha da puta, do caralho, a xinguei mentalmente. Ela pretendia me matar depois.
Que descarada!
— Eu sei de tudo isso, mas não consigo não sentir nada. Era a minha mãe, eles mataram ela, eles tentaram matar a Esmeralda e o Enzo— Ela engoliu seco— Ela tentou me matar, e eu vou matar ela.
— Ela?
— Sua amante— Revirei os olhos— Ela me jogou uma bomba. Eu quero ficar frente a frente com ela, Matheo.
— Então você vai ter que se preparar, porque ela me deu uma facada. Ela sabe o que está fazendo— Ela concordou— Isso vai se revolver—Estendo a mão pra ela que aceita e a puxo para os meus braços, acariciando suas costas e sentindo o cheiro gostoso dos cabelos lindos.
Senti suas mãos no meu peito, enquanto meu coração batia mais forte que acelerado. Era esse o efeito que Vittoria Ferrari Messina causava em mim. Eu a amava tanto!
....🤭🥺....
Ela tá em luto, e ele do lado!
Tão lindinhos.
O próximo capítulo vcs vão amar, mas só volto quando a gente bater 50 comentários.
💣💨
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Em Honra A Máfia - Livro 2 Série "Cosa Nostra"
RomanceTalvez eu não merecesse ter ela. Ela era boa demais. Doce demais. Linda demais. Ela era pura. Inocente. Quase um anjo. Eu não tinha um pingo de humanidade. Não era bom. Nem doce. A parte do lindo, talvez. Não era um homem puro. Muito men...