Talvez eu não merecesse ter ela.
Ela era boa demais.
Doce demais.
Linda demais.
Ela era pura.
Inocente.
Quase um anjo.
Eu não tinha um pingo de humanidade.
Não era bom.
Nem doce.
A parte do lindo, talvez.
Não era um homem puro.
Muito men...
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O bebê, pra mim ele ainda era um bebezinho, de olhos grandes e verdes, cabelo volumoso e escuro, andou em passos curtos até a mesinha da sala e segurou na pontinha da toalha. Obviamente eu chamaria ele, mas queria ver até onde ele ia. Enzo era um bebê muito agitado e arteiro também. Ele podia ser a cara do pai dele, mas era a mãe todinho, ele virou a cabeça lentamente na minha direção e piscou os cílios volumosos antes de puxar o bracinho pra baixo, vi quando a bandeja com frutas se mexeu encima da mesa.
Levantei rapidamente e me aproximei segurando a toalha, ele soltou e deu um pulinho dando risada, ao me encarar. Me abaixei e peguei ele no colo, o garotinho enfiou a mão na boca e eu caminhei pela casa.
_ Cadê teu pai?_Indaguei e ele me ignorou.
Além de consigliere, eu virei babá também. Entrei na cozinha e Esmeralda saiu de dentro da dispensa e olhou para o filho com orgulho.
_ O que foi meu nenê?_Ela fez uma voz hilária e eu fiz careta lhe entregando o seu filho_O que meu neném tava fazendo? Heim? Cheirosinho_ Ela deu um cheiro nele que riu.
O garoto tinha acabado de completar dois anos e com isso, ele desenvolveu sua técnicas como se esconder em lugares minúsculos, ou correr. Eu já vi o Rael correndo atrás desse menino, ele corre demais. Era uma criança arteira.
_ Você já escolheu sua noivinha?_Indagou dando risada da minha situação. Fechei a cara e coloquei as mãos na cintura.
_ Se estou nessa é por causa de vocês_Falei e ela gargalhou rodopiando com o filho no colo.
Enzo realmente mudou a vida do dois, ele não foi planejado, não pelo Rael, a Esmeralda foi um pouco irresponsável quando resolveu que engravidaria e não contou isso para o Rael, mas eu sempre soube que ele iria amar o filho, independente se ele queria naquele momento ou não. O garoto trouxe brilho e luz para a vida deles.
_ Mas sério, ainda não encontrou ninguém?
_ Tem uma moça, ela é a mais velha, é filha dos Ferrari, não quero me casar com uma moça mais nova. Ela é a melhor opção_ Esmeralda fez uma careta e colocou o filho na cadeira de alimentação.
_ Eu também prefiro uma moça mais velha_ Ela deu de ombros_ É estranho que as coisas funcionem assim.
_ É triste, mas é a realidade_ Falei.
Também não concordou com isso de casamento arranjado, mas é uma tradição, eu nasci ouvindo que devia me casar um dia com as moças da máfia, é normal para mim.
Observei Esmeralda se sentar na cadeira ao lado do garoto e lhe entregar um pratinho com frutas. Ela era uma ótima mãe, assim como Rael era um ótimo pai, eu pensei que seria muito difícil a relação deles depois que o menino nascesse, mas ao invés de afastá-los, só uniu eles dois.
Sorri pro garotinho que comia um pedacinho de mamão e fazia careta, mas não largava a fruta. Levantei da cadeira e Esmeralda me olhou.
_ Eu vou indo, bom dia pra vocês_ Ela deu um sorriso pequeno e voltou a atenção para o filho.
