Depois que voltamos pra casa, comigo ainda pensando no enredo do livro que tinha contado pra Eduardo, comecei a me perguntar como seria quando eu tivesse o livro nas mãos. Seria a realização de um sonho. Nunca tinha dividido aquele sonho com ninguém nos últimos anos, porque eu estava sempre sozinha ou preocupada demais comigo mesma. Mas agora tinha Eduardo e ele estava sempre fazendo questão de lembrar que eu era importante, assim como as coisas que eu gostava.
Agora estávamos deitados juntos na nossa cama, enquanto ele lia mais uma parte do livro que eu tinha escolhido. Sempre que estávamos naquele momento, meu coração disparava feito uma escola de samba, enquanto eu me perguntava se era possível eu gostar mais de Eduardo do que eu já gostava. Ele era minha alma gêmea. Era o que eu esperava quando lia livros de romance. Não era perfeito, mas era como deveria ser, nossa história cheia de altos e baixos, que envolvia uma bela segunda chance.
—Onde está sua mente agora? —Eduardo indagou, escorando o livro no colo, antes de tocar a ponta do dedo na minha testa. A outra mão estava ao redor da minha cintura, me deixando presa contra ele.
—Estou prestando atenção no que você está lendo. —Menti, erguendo os olhos e abrindo um sorriso inocente pra ele. Eduardo negou com a cabeça, apertando a ponta do meu nariz.
—Faz uns cinco minutos que eu parei de ler e você não reclamou e nem disse nada. —Afirmou, me fazendo abrir e fechar a boca algumas vezes, enquanto o calor subia pelas minhas bochechas por ter sido pega na mentira. —No que você está pensando, Cami?
—Só que, se nossa história fosse um livro, teríamos segunda chance, haters to lovers e problemas familiares. —Murmurei, o que o fez soltar uma risada, enquanto eu dava de ombros. —Um combo realmente interessante.
—Você pode escrever um livro sobre a gente então, já que está achando isso interessante. —Afirmou, me fazendo engolir em seco quando se inclinou e mordeu meu lábio, antes de me beijar.
—E se eu quisesse escrever sobre um enxadrista que se apaixona pela irmã do melhor amigo? —Soltei, comprimindo meus lábios quando Eduardo afastou o rosto do meu e fez uma careta, como se estivesse pensando naquele fato. Acabei rindo, negando com a cabeça, porque era óbvio que ele não ia entender a referência.
—E depois você faz piada com meu ciúmes pelo Léo. —Resmungou, quando percebeu que eu estava rindo.
O livro desapareceu do colo de Eduardo, enquanto ele me prendia contra a cama, fazendo cócegas em mim em todos os pontos que alcançava. Gritei pra ele parar enquanto não conseguia segurar as ondas de gargalhava que tomavam conta do quarto, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas e a respiração se prender na minha garganta.
Quando ele parou, ainda sobre mim, ficou me encarando tentando recuperar a respiração. Minhas bochechas doíam tanto e meu peito subia e descia com força. Olhei pra ele de cara feia, mesmo que não estivesse realmente brava. Eduardo estava sorrindo. Um sorriso pequeno e tão feliz que me fazia querer gravar cada detalhe daquele momento.
—Obrigado por ter voltado pra minha vida, Cami. —Eduardo sussurrou do nada, parando de sorrir, enquanto trazia a mão para acariciar minha bochecha. Abri um sorriso, soltando o ar com força, deixando aquele sentimento bom tomar conta do meu coração.
—Obrigada por me deixar ficar. —Sussurrei de volta, levando a mão até a nuca dele e o puxando para um beijo.
Os lábios dele se abriram para procurar os meus, enquanto meu coração martelava contra meu peito ao senti-lo se ajeitar sobre mim. Cada parte do meu corpo reagindo a proximidade e aos toques dele como se eu estivesse entrando em erupção. Eduardo me beijou até ficarmos sem fôlego, antes de se afastar quando fiz menção de tirar sua camiseta.
Minhas roupas encontraram as dele no chão pouco tempo depois, enquanto eu mergulhava dentro daqueles sentimentos que eu tinha por ele, me sentindo transbordar de dentro pra fora. Ele me beijou a noite toda, me dando certeza que dessa vez, o que tínhamos ali, era mais forte do que qualquer outra coisa que poderia acontecer ao nosso redor. E eu entreguei meu coração pra ele de vez, sem ter a intenção de paga-lo de volta.
[...]
Eu estava morrendo de sono, mas isso não impedia meu celular de ficar tocando e tocando sem parar, enquanto eu apertava meus olhos com força, querendo voltar a dormir. Eduardo estava dormindo pesado ao meu lado, sem sequer se mexer com o toque irritante do celular. Pensei que ele iria parar depois da primeira ligação. Mas essa era a quinta.
Camila — Alô?
Número desconhecido — Camila Rinaldi?
Me sentei na cama, empurrando o braço de Eduardo quando ele tentou me segurar, já que ele finalmente havia acordado também.
Camila — Sou eu. Com quem eu estou falando?
Número desconhecido — Que bom que estou conseguindo falar com você. Estamos tentando entrar em contato desde ontem. É sobre o seu pai. Ele infelizmente sofreu um acidente de carro e...
Eu desliguei o celular muito rápido, sentindo algo gelado atravessar meu copo como uma flecha. Meu sangue pareceu virar gelo, enquanto eu sentia Eduardo se sentar rapidamente na cama, provavelmente notando que havia alguma coisa de errado comigo. Tinha a sensação que estava prestes a desmaiar a qualquer segundo.
—Camila, o que foi? Quem era? —Eduardo indagou, fazendo menção de puxar o celular da minha mão quando ele começou a tocar de novo, aquele mesmo número desconhecido. O número desconhecido de ontem a noite.
—Não atende. —Sussurrei, não deixando que ele tirasse o celular da minha mão, sentindo uma sensação ruim atravessar meu corpo. —Não sei quem é. Mas era sobre meu pai. Ele sofreu um acidente.
—Ah. —Eduardo afastou a mão do celular, como se o aparelho tivesse queimado sua mão. —Ele está bem?
—Não sei. Desliguei antes que ela falasse se ele estava bem ou não. —Balancei a cabeça negativamente, umedecendo os lábios com a língua, enquanto sentia aquele sentimento ruim abrir um buraco no meu peito. —Serei uma pessoa ruim se confessar que eu espero que ele não esteja bem? Espero que ele não esteja bem, mas também espero que ele não tenha morrido. Sinto vergonha por desejar que ele sofra um pouco, só que...
Eduardo me puxou para um abraço quando não consegui mais falar, me sentindo realmente envergonhada pelo meu primeiro pensamento sobre aquilo ser que ele não estivesse bem. Eduardo me abraçou tão apertado que fiquei sem ar, enquanto o meu celular tocava mais uma vez.
Continua...
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Todas as lembranças perdidas / Vol. 3
RomanceCinco anos atrás Eduardo teve seu coração partido pela sua melhor amiga, assim que ela desapareceu e nunca mais entrou em contato, logo após ele ter se declarado pra ela. Depois disso, ele decidiu que nunca mais iria se envolver com alguém de novo...