Capítulo 8: Preciso de você.

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Eduardo

Fazia alguns dias que eu sentia que havia uma nuvem negra pairando sobre a minha cabeça. As coisas estava indo de ladeira abaixo. Nenhuma garota quis ficar com o quatro, fazendo caretas de desgosto sempre que percebiam que era comigo que elas precisariam morar. Eu não me sentia ofendido, mas me sentia frustrado, porque precisava daquilo.

—A culpa é sua. —Bernardo afirmou, me fazendo fechar os olhos com força, enquanto brincava com as baquetas da bateria, desejando esquecer de todos os problemas. —Se você não tivesse recusado a Camila, agora já teria outra pessoa pra pagar o aluguel junto com você.

—Eu não posso dividir o apartamento com ela! —Retruquei, encarando Bernardo, vendo-o olhar para Felipe e Felipe olhar pra ele, como se os dois estivessem pensando a mesma coisa. —Vocês dois sabem muito bem disso. E eu estou vendo essa troca de olhares.

—Por que não pode? Por que ela partiu seu coração e você não superou ainda? —Felipe indagou, e eu lancei a ele o olhar mais ofensivo de todos, que o fez rir. —É o que está parecendo, sabia? Que você não superou nem um pouco. Pelo contrário, parece que ainda sente alguma coisa com ela, porque está todo irritado e inquieto desde o dia que ela apareceu no apartamento.

—Porque eu não queria voltar a vê-la. —Retruquei, odiando o gosto amargo que as palavras de Felipe deixavam na minha boca. Tentava não pensar naquilo, mas sempre que pensava, meus sentimentos pareciam ficar confusos. Aquilo me irritava.

—Sabe o que eu acho? —Bernardo indagou, e eu comprimi meus lábios, sabendo que não iria gostar do que ele ia dizer. Ele se demorou ajeitando a guitarra que estava no seu colo, antes de erguer a cabeça e me encarar. —Você ficou irritado por ter visto ela, isso é óbvio. Mas você também ficou mexido, porque ficou muito óbvio que ela procurou você e ainda ia te procurar de novo, pra vocês dois se reaproximarem. Isso te deixou frustrado, porque você criou uma imagem dela na sua cabeça que não era nada positiva, e a Camila fez essa imagem desmoronar só em demonstrar que se importa com você.

—Ela não se importa comigo.

—Bom, eu acho que se importa, ou ela não teria ligado atrás de você e depois ligado pra sua mãe quando não conseguiu te encontrar. —Felipe retrucou, me fazendo bufar em desdém. —Eu concordo com o Bernardo e penso sobre outra coisa.

—Porra, lá vem! —Soltei, fazendo os dois rirem, antes de Felipe tocar meu ombro e se inclinar para perto de mim, me lançando um sorriso irônico.

—Você tá com essa cara de bunda desde que ela foi embora, porque está esperando que ela ligue pra você. —Afirmou, e eu vi Bernardo concordar com a cabeça, deixando claro que pensava a mesma coisa. Eu acabei rindo, porque aquela era a coisa mais idiota que eu já tinha ouvido. —Mas ela não vai te ligar, Edu. Não depois de você falar com todas as letras que não quer morar com ela e pedir pra ela ir embora.

—Óbvio que ela não vai me ligar, ela está esperando que eu ligue pra ela. —Eu acabei soltando uma risada ao dizer aquilo, porque as palavras de Camila ainda pesavam como brasa quente sobre mim.

—Porque você a mandou embora. —Bernardo e Felipe falaram ao mesmo tempo, e eu acabei gemendo em frustração e revirando os olhos, porque os dois não estavam ajudando em nada.

—Já me arrependi de ter contado isso a vocês dois. —Afirmei, ficando de pé, vendo que estava quase na hora de irmos para o palco tocar.

Todas as lembranças perdidas / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora