Capítulo 26: Vai cuidar da sua vida.

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Dei alguns passos para trás, sentindo que estava invadindo o que quer que estivesse acontecendo ali. Tudo bem que eles só estavam se abraçando, mas a forma como se abraçavam, como sorriam um para o outro e como ela falou com ele, foi como receber um soco no estômago. A sensação me deixou desnorteada.

—Não acredito que você está aqui. Quando foi que chegou? —Eduardo indagou, se afastando do abraço pra olhar pra ela. Ela usava um top preto e uma saia jeans, revelando as pernas super longas, enquanto os cabelos pretos estavam presos em um coque bagunçado muito estranho. Mas a garota era linda, parecendo ter mais ou menos a nossa idade.

Me afastei antes de ouvir a resposta dela, sentindo aquela coisa desagradável no meu peito se tornar pior. Sentir ciúmes de alguém que nem é seu é a pior coisa do universo, porque você simplesmente não pode fazer nada além de se sentar e observar. E o meu ciúmes estava se mostrando o pior de todos, porque eu queria voltar lá e obrigar Eduardo a voltar a olhar pra mim como estava fazendo antes de ela aparecer.

—Camila? —Meu chefe franziu a testa quando passei para trás do balcão, pegando um copo maior do armário. —O que está fazendo? Hoje é seu dia de folga.

—Eu sei. Só achei que seria legal eu mesma me servir, em vez de pedir pra alguém. —Afirmei, abrindo um sorriso torto pra ele, vendo-o me encarar com uma expressão desconfiada, que logo se tornou reprovadora quando ele me viu misturar vários tipos de bebidas diferentes. —Eu vou pagar, não se preocupe.

—Minha preocupação não é o dinheiro. —Retrucou, me lançando um olhar afiado, que praticamente deixava claro que iria ficar de olho em mim a noite toda.

Soltei uma risada nervosa, olhando para trás, vendo Eduardo segurando a mão da garota e a levando até uma mesa. Aquele ciúmes dentro de mim correu até minha alma, enquanto eu virava o copo de uma só vez na boca, odiando o quão patética aquele ciúmes fazia eu me sentir. Desviei os olhos deles e me servi mais uma vez.

Eduardo

Então quer dizer que você está a uma semana aqui e só me procura agora? —Indaguei, me sentando ao lado de Carolina na mesa, vendo-a me lançar um olhar inocente, como se isso não fosse culpa dela. —Você já foi uma amiga melhor.

—Culpe a minha namorada por isso. A Débora está simplesmente louca pra te conhecer, depois que eu contei a ela algumas das nossas melhores histórias de quando andávamos juntos. —Afirmou, me fazendo soltar uma risada, sabendo perfeitamente do que ela estava falando. —Vamos passar as férias aqui. Vim mais cedo pra ver alguns parentes. A Débora vem no domingo. Eu só não esperava entrar em um bar e te ver tocando. Ela nem vai poder colocar a culpa em mim por ter vindo te ver sem ela.

—Bom, temos que marcar um encontro então. Você teve a chance de me ver tocando ao vivo. Quero saber se você ainda é tão boa na bateria quanto era antes. —Murmurei, vendo Carolina soltar uma risadinha, como se eu a tivesse desafiando para uma batalha. —E preciso contar todos os seus podres pra Débora. As vezes ela ainda consegue fugir de você a tempo.

Soltei um palavrão e uma risada quando Carolina deu um tapa no meu braço. Ela se ocupou com a cerveja que eu havia pedido pra nós dois, enquanto eu olhava ao redor a procura de Camila. Ela tinha simplesmente evaporado quando Carolina chegou, mesmo que eu tivesse a procurado por todo canto. Mas ela não estava com meus amigos e muito menos com Léo.

—Onde está a sua irmã? Pensei que ela tivesse morando com você. —Carolina questionou, enquanto eu fazia uma careta, me preparando para contar a ela sobre minhas últimas semanas de merda.

Todas as lembranças perdidas / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora