Capítulo 20 : Eu quero a Felicidade

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Júlio César



Eu recebi alta do hospital naquele mesmo dia. Sob protestos do Mário, Renato disse que ia me levar pro meu apartamento. O médico disse que eu devia ficar de repouso e que deveria tomar os remédios pelos próximos 5 dias.

Renato pediu pro Barão levar todos para o meu apartamento, nos deixar lá e de lá poderia levar minha tia e o Mário para a Rocinha. Eu ainda tava com dificuldade para andar, mas o Renato me ajudou o caminho todo, ele fez até menção de me colocar no colo mas eu pedi que não, estava com vergonha de algum vizinho ver.

Quando chegamos ao meu apartamento eu fiquei meio sem graça. eu nunca tinha mostrado minha casa pra nenhum ficante meu então o Renato era tecnicamente o "primeiro".

-Bem vindo. - eu disse meio sem graça.

-Bonita sua casa. - ele disse.

Não tinha muita coisa ainda na minha casa, eu não me importei de comprar muita coisa, boa parte da mobília veio com a casa quando eu aluguei. As únicas coisas realmente minhas eram as roupas, notebooks , playstation 5 e umas outras coisas.

-Tu quer alguma coisa, Renato? Eu acho que ainda tem refrigerante na geladeira.

-Eu aceito - Renato respondeu.

Eu tirei o refrigerante da geladeira, abrir a geladeira foi bem doloroso, meu braço tava doendo bastante ainda, acho que o efeito do remédio tava passando. Renato percebeu uma expressão de dor minha e tirou a garrafa de coca-cola da minha mão.

-Acho que já chega, tu se esforçou demais hoje já.

Renato me pegou no colo e levou para o meu quarto e me deitou na cama, no meu quarto tinha uma outra televisão que eu comprei e meu notebook numa mesinha e as paredes eram decoradas com 3 pinturas tradicionais: uma taiwanesa, uma chinesa e uma japonesa.

Eu achava legal, representava um equilíbrio entre três culturas que eu amava.

-Pinturas legais hein? - Renato disse.

-Eu comprei quando tava no intercâmbio em Taipei. Foram bem baratinhas, os vendedores tentam te enrolar quando sabem que você é turista mas depois que você fala o idioma eles não tem como te enganar e você ainda pode pechinchar haha. - eu respondi.

-E tu passou quanto tempo lá?

-1 ano. Foi um dos melhores anos da minha vida e eu ainda consegui conhecer a China e o Japão.

-Caralho, tu viajou demais baixinho! - ele disse impressionado.

-E tu já viajou pra fora do país? - eu perguntei

Renato era um criminoso, procurado , provavelmente não devia nem sair do Rio de Janeiro.

"Será que ele já viajou de avião?" eu pensei.

-Paraguai, Argentina, Peru, México,Colômbia, Equador, Portugal, Espanha, França,Suíça...- ele começou a falar e levava a mão ao queixo, parecia estar tentando lembrar de mais lugares.

-OXE?! TU JÁ FOI PRA TANTO LUGAR ASSIM COMO? - eu estava sem acreditar

-Tu quer mesmo saber de paradas do tráfico? - ele disse dando uma risadinha.

Eu fiquei ali pensativo, Renato já sabia tanto sobre mim e eu não sabia muito sobre ele ainda. Se eu queria fazer aquilo dar certo a gente ia ter que ter essa conversa mais cedo ou mais tarde.

-Quero! - eu disse.

-Acho que não é a hora ideal pra isso. Tu tem que descansar, Baixinho.- Renato disse se sentando na cama.

O Dono do Morro : Eu Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora