Capítulo 59: Nós nos Amamos, Nós nos Odiamos pt3

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Fábio Cavalcante

~Domingo , o dia do encontro com o Pantera~

Eu não dormi bem de ontem pra hoje, eu não conseguia parar de pensar no encontro. Eu fiquei bem a semana toda mas só ontem eu comecei a sentir uma angústia, não apenas por preocupação com o plano para que tudo desse certo mas por tudo que eu havia passado. Eu comecei a destravar lembranças que eu nem sabia que tinha com o José Antônio, eu me lembrei dele jogando futebol no quintal de casa comigo, me lembrei dele me levantando sobre a cabeça dele, naquela época que eu acreditava que ele era o maior super herói do mundo, que ele era algum soldado, ele era meu maior amor e meu maior exemplo de homem.

"Porque essas porras tão surgindo na minha mente? Eu vou matar o José Antônio, não vou me reconciliar com ele!" eu pensava.

Eu e o Renato repassamos o plano diversas vezes depois que descobrimos que agora é o Jogador que dá as cartas no Complexo do Alemão,precisávamos confirmar de alguma maneira nessa conversa com o Pantera se isso era verdade ou se era alguma artimanha dele, caso eu não conseguisse eu já tinha um plano B: iria questionar o Max.

O nosso encontro ia ser num prédio onde estava rolando uma feira cultural promovida pelo Escritório Econômico e Cultural de Taiwan no Rio de Janeiro, o escritório funciona como uma embaixada informal de Taiwan, um lugar cheio de gente e muito movimentado perfeito para evitar qualquer gracinha que o Pantera ou o Jogador pudessem armar contra a gente. Estava havendo uma exposição cultural e tinham vários cafés e barraquinhas temáticas, era o local perfeito.

Escolhemos o horário do almoço, ia estar lotado, muita gente dificultava qualquer ação deles. Eu contratei um bando de milicianos para fazer a minha segurança e do Júlio, se rolasse problema ia ser fácil de encobrir já que todos eles eram policiais iam conseguir escapar fácil se estivessem armados. Renato também cobrou um favor aos seus contatos na milícia e tínhamos 2 grupos de militares milicianos nos protegendo.

Tudo vai dar certo. Vai dar tudo certo, eu sei que vai.

"Mas por que eu estou tremendo então?" eu pensei.

Eu nem consegui terminar o que comecei com o Jean, depois daquele nosso beijo não conseguimos ficar sozinhos de novo na casa da Aninha mas se eu não estou tendo oportunidade vou criar minha própria oportunidade, hoje a noite vou chamar ele pra sair comigo, vamos ao cinema e depois eu levo ele pra um motel e vamos foder a noite toda.Vou aliviar toda essa minha tensão naquela boca maravilhosa dele.

Max me mandou mensagem para confirmar se eu realmente iria, ele ainda estava preocupado de eu surtar e não ir. Eu até pensei em fazer algum showzinho pra eles não ficarem desconfiados mas o Júlio me convenceu do contrário, Pantera também mandou mensagens pro Júlio agradecendo por ele ter "me convencido" a encontrar ele.

Eu tava mexendo no meu computador olhando pro relógio o tempo todo. Eram 9:30 da manhã e marcamos encontro ao meio dia.

"-Olha, papai! Olha eu consegui andar sozinho!

-Vai lá, campeão! Você consegue!"

Eu me lembrei do dia que meu pai me ensinou a andar de bicicleta

Naquela época quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescer eu sempre dizia que queria ser igual a ele, naquela época o José Antônio era tudo o que eu precisava na minha vida, a minha vida era tão perfeita com meu pai, minha mãe e nossa família feliz.

"Não...a gente não era feliz." eu pensei com meus olhos enchendo de lágrimas.

Nós tínhamos momentos felizes mas não éramos felizes. Essa é a verdade.

O Dono do Morro : Eu Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora