Capítulo 87: Eu Confesso que Te Amo

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Jamerson Silva

Eu estava suado e correndo pelas ruas , pulei um muro e entrei no terreno de uma casa, tinha cachorro lá mas ele tava preso graças a Deus. Eu consegui despistar os canas umas 2 vezes mas eles me acharam de novo então eu joguei a moto num terreno e fui andando e correndo em alguns trechos, eu sabia mais ou menos onde eu estava, eu tinha dirigido por uns 20 minutos antes deles começarem a me perseguir, eu acho que eu estava no bairro de Higienópolis, bem perto do complexo do Alemão.

Eu fui andando na esperança de ver um táxi ou qualquer coisa enquanto eu tentava pedir um uber moto pelo meu celular. Quando eu finalmente consegui pedir um uber moto o motorista cancelou a corrida quando me viu de longe e foi a mesma coisa com 3 motoristas seguidos. Um negão de 1,80 parrudo numa rua escura do Rio de Janeiro no meio da noite de uma sexta feira, nenhum moto uber em sã consciência ia arriscar essa corrida.

Eu taquei o foda-se e comecei a ir andando com a ajuda do celular pra chegar no Complexo, eu sentia meu coração palpitar e meus dedos formigarem quando eu virei a esquina e vi uma viatura da Polícia que ao me avistar parou e mandou eu encostar na parede.Ser negro no Rio de Janeiro a noite é praticamente um crime.

"Beleza que eu sou traficante mesmo mas isso não vem ao caso" eu pensei.

Por sorte eu não tava armado e nem tinha nada comigo, então eles só me revistaram e me encheram de perguntas.

-Onde tu mora, negão?

-Moro no Complexo, senhor. - eu disse calmamente.

-E tá fazendo o que uma hora dessas longe de casa? Veio fazer 171? - um dos canas disse.

-Tava numa festa, senhor. Tô voltando pra casa mas nenhum uber aceita minha corrida, já foram três motoristas que cancelaram. - eu disse tentando me justificar.

-Tu já se olhou no espelho? Eu se fosse uber não ia aceitar também.! - um dos canas disse rindo.

Eu dei um risinho de canto de boca, se eu tivesse com meu fuzil ia mandar todos eles pro inferno agora mas eu precisava chegar no Alemão pra ver o Lucas, nada era mais importante do que isso agora. Eles me liberaram e eu continuei andando, eu andava rápido olhando o celular pra não errar o caminho e torcendo pra nenhum vagabundo tentar vir me roubar ou algo parecido, quando eu cheguei perto de uma das entradas do Complexo eu comecei a correr pra chegar logo lá, a entrada parecia desprotegida pois não tinha ninguém na entrada mas era só impressão mesmo, depois que eu dei uns 10 passos dentro eu ouvi um assobio e me virei...

Tinham uns 10 caras que estava numa parte que só dava pra ver quando se entrava na rua,todos eles com fuzis e pistolas. Todos eles eram homens do Jogador.

"Ele é muito esperto. Ele sabe defender o Morro dele e deve conhecer tudo isso aqui com a palma da mão!" eu pensei.

-Calma aí, negão! Tu veio fazer o que aqui hein?! - um dos homens chegou me perguntando.

-Eu vim ver o Jogador. - eu disse.

-O Jogador não vai ser incomodado hoje, mané! Ordens dele. E tu conhece o Jogador de onde? Eu nunca te vi por aqui, negão. - o maluco de fuzil me perguntou.

-Eu vim falar com ele na paz! É sobre um assunto envolvendo alguém que ele conhece! - eu disse.

-Tu vai é vazar daqui, negão! - o cara disse me empurrando com o Fuzil.

Eu precisava pensar rápido e me lembrei de uma coisa que poderia ajudar.

-Avisa pro Fantasma que eu tô aqui. Avisa que o Negão do Pagode tá aqui!

O Dono do Morro : Eu Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora