Capítulo 61: O Caminho de Gelsomina

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Lucas Souza

Eu acordei dentro de um quarto escuro, eu não conseguia enxergar nem um palmo na minha frente, quando tentei me mexer eu senti uma fraqueza nas minhas pernas e uma tontura. Quando minha visão foi se adaptando a escuridão eu pude ver que eu estava em algum tipo de quarto, havia uma cama onde eu estava, uma cômoda, um pequeno guarda roupa e um ventilador.

"Onde eu tô? Que horas são? O que tá acontecendo?" eram as perguntas que passavam na minha cabeça.

Eu vi uma luz entrar no quarto, alguém havia aberto a porta e eu ouvi uma voz:

-Ele acordou.

A luz agrediu meus olhos, agora eu percebi que tava sem meus óculos, eu tenho dificuldade pra enxergar de longe, meus óculos tem proteção de luz azul e contra luz solar, eu quase fiquei cego com aquela luz na minha cara. Quando meus olhos foram se adaptando eu vi um homem negro na minha frente, ele tinha a barba aparada em um cavanhaque baixinho e bem desenhado, a seu cabelo era cortado baixinho e mesmo tendo uma aparência jovem já estava cheio de fios brancos.

Ele abriu um sorriso bem largo pra mim e eu pude ver no canto da sua boca que tava faltando um dente na parte de cima, mas isso de uma certa forma parecia deixar seu sorriso bonito, ele também tinha olhos gentis, ele era o tipo de pessoa que quando ri os seus olhos também pareciam sorrir.

-Oi! Tudo bem contigo,menor? - o homem disse.

-Onde....eu tô? - eu disse com a fala embolada.

-Não precisa ficar assustado, tá? Tudo vai terminar bem se tu cooperar com o chefe. - o homem disse.

-Minha cabeça....- eu disse.

-Toma aqui. - o homem me entregou um pão com o que eu acho que era mortadela e queijo dentro e também entregou meus óculos.. - Tu prefere suco ou refrigerante?

-Suco...- eu disse.

O homem me entregou um copo de suco e eu bebi com dificuldade, era como se minha garganta estivesse arranhada pois o suco machucou minha garganta quando eu engoli. Eu fiz uma careta de dor e senti ânsia de vômito, o homem segurou meu braço e começou a dar tapinhas nas minhas costas para aliviar aquela sensação.

-Calma, respira. Respira....- ele dizia com a voz calma.

Quando a minha visão foi adaptando eu percebi que o homem parado na porta portava um fuzil e um radinho, e o outro homem a minha frente tinha uma pistola na cintura. Ele trajava uma bermuda e estava de sandália e uma camiseta do Botafogo. Ele estava sentado ao meu lado e continuava olhando pra mim sorrindo mas sem mostrar os dentes agora.

-Tu quer mais alguma coisa? - ele me perguntou suavemente.

-Eu quero ir pra casa...me deixa ir embora por favor. - eu pedi.

-Isso eu não posso fazer. Ordens do chefe. - ele disse.

-Chefe? Por favor eu não fiz nada! Vocês tão cometendo um erro, tudo isso é um engano! Por favor me deixa ir! Eu juro que não conto nada pra ninguém, só me deixa ir embora! - eu segurei a mão do homem implorando sentindo as lágrimas inundando meu rosto.

-O Chefe quer conversar com teu namorado. Ele fez um pedido pra ele e se teu namorado atender o pedido você vai poder ir embora e voltar pra ele na Rocinha.

-Namorado? Eu não tenho namorado! Foi o José que armou tudo isso? - eu disse desesperado.

O sorriso daquele homem agora me parecia assustador,ele continuava sorrindo mas agora seus olhos não eram mais gentis, eram de um brilho assustador e malicioso.

O Dono do Morro : Eu Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora