Capítulo 81: Dançando com a Minha Tristeza

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Lucas Souza

Eu acordei na manhã seguinte antes de todo mundo, quando olhei o Júlio tava babando no meu travesseiro, ele tinha tirado o dia de folga e ia passar o dia comigo no hospital, Jean e Fábio estavam dormindo abraçados numa poltrona do outro lado do quarto meio cobertos por um lençol, eu achei uma cena tão bonita de se ver, eu espero que eles tenham se acertado. O Jean é cheio de inseguranças sobre várias coisas e esse medo dele o atrapalha quando ele tenta se conectar com alguém para algo além de sexo, eu de uma maneira fiquei feliz pois acho que ele tentou seguir meu conselho.

Eu sou bom dando conselhos mas quanto a minha própria vida...vixe!

Eu não consegui parar de pensar no Montanha nesse mês que passou,depois daquela noite ele não veio mais aqui e o Victor me disse que não tinha sido ele que falou aquelas palavras que eu ouvi. Se não foi o Victor então...

"As palavras, a flor de gardênia, ele vindo me ver no meio da noite e o beijo que ele deu para se despedir de mim" eu pensei.

Eu só queria ver o Jamerson de novo, eu precisava de respostas, precisava tirar aquilo a limpo mas ele nunca mais apareceu. Eu perguntei ao Júlio e ele disse que o Montanha agora estava ocupado com mais coisas na Rocinha, que o Renato e o Barão passaram novas funções pra ele como uma recompensa por tudo que ele havia feito, um dia o Júlio até disse que o Montanha tinha vindo trazer ele de carro mas que ele não entrou no hospital, eu fiquei estranhamente triste quando ele me disse isso.

Eu me levantei e fui até o banheiro mijar e quando saí o Júlio já estava esfregando os olhos e se espreguiçando na cama, Fábio e Jean ainda dormiam como pedras na poltrona.

-Bom dia! - Júlio disse.

-Bom dia! - eu respondi.

-Tu não pode se esforçar tanto, Lucas! - Júlio disse bocejando.

-Tá bom, Painho! Eu vou me cuidar. - eu disse rindo.

Eu tomei banho e me troquei de roupa, em breve o café da manhã seria servido e eu queria estar pronto para a fisioterapia, eu já conseguia fazer todos os exercícios sem sentir dor alguma, as primeiras sessões foram uma tortura, eu sentia tanta dor ao tentar fazer os exercícios de sopro que eu achava que ia morrer a cada tentativa mas com a ajuda dos meninos e praticando a noite com eles eu consegui recuperar meu fôlego e respirar já não dóia mais, até meu peito só doía um pouquinho devido a cirurgia ainda, o acesso de drenagem já tinha sido retirado e eu fui suturado de novo, tudo parecia estar ocorrendo bem.

Quando eu esperava o fisioterapeuta foi a doutora quem entrou no quarto.

-Bom dia, Lucas!

-Bom dia, doutora! - eu disse.

-Como está se sentindo hoje?

-Bem melhor! - eu disse.

-Que maravilha porque eu trago boas notícias! Você vai receber alta! - ela disse sorrindo.

Eu comecei a rir e de repente eu já tava chorando de emoção, Júlio me abraçou e Fábio e Jean sorriam também.

-Você ainda vai ter que fazer algumas sessões de fisioterapia por algum tempo mas elas vão diminuir com o tempo, entendeu?

-Tudo bem, eu faço! - eu disse. - E quando eu posso ir?

-Só vamos terminar uma papelada e você já poderá ir.

Eu arrumei minhas coisas tão rápido que até tiveram medo que eu fosse passar mal mas eu queria tanto voltar pra casa que mal podia me conter.

"Casa....agora a casa da Aninha é minha casa." eu pensei surpreso em ver como isso agora era natural pra mim.

O Dono do Morro : Eu Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora