Capítulo 38: O Amor é como a Areia

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Israel Rodrigues


"Vamo fugir, Wallace! Vamo embora dessa porra de morro! Vamo fugir juntos! Vamo pra bem longe onde ninguém conheça a gente e vamo recomeçar"

A voz dele ecoava em minha mente.

Depois de mais de 10 anos, a voz do Wallace ecoou na minha mente de novo.

Eu fugi da lembrança dele por tanto tempo mas ela sempre voltava pra mim quando eu menos esperava.

Quando o Mário recusou meu convite pra vir aqui em casa curtir eu passei quase 15 minutos escrevendo pra ele mas desisti e apaguei. Eu já sentia ele meio insatisfeito com alguma coisa mas achei que tava tudo bem, eu curto demais estar com ele e com a Priscilla mas parece que pro Mário é bipolar: na hora ele curte mas depois fica com cu doce.

Eu desci pra casa dele puto, se ele tava de cu doce então eu ia provocar. Fui logo sem camisa e dei uma apertada no meu pau pra deixar ele meia bomba no calção pra ele ver mesmo e foda-se. Quando eu cheguei lá o Mário tava com uma expressão estranha, ele não se aproximou de mim e ficou encostado no muro da casa dele,eu já tava puto por ele ter negado ir lá em casa.

"Quer me provocar esse gostoso filho da puta!" eu pensei.

Mas quando eu cheguei perto eu vi que ele tinha uma expressão exausta, era como se ele tivesse já cansado.

-Eu tô cansado, Barão... -ele disse

Quando ele me disse foi como um soco na minha cara e eu ainda fui burro e citei a Priscilla fazendo ele dar uma bufada de raiva e eu vi que tinha feito merda. Ali eu achei que "nós" já tinha acabado. Eu meio que já estou acostumado com isso, eu tenho meus ficantes e eles vão e vem ao longo do tempo, alguns duram e outros não, mas eu percebi que a grande maioria deles cansa do meu ritmo com o passar do tempo, eu só achei que o Mário duraria mais tempo ou que poderia virar um fixo meu igual a Priscilla.

Eu também não tinha transado com o Mário, eu fiquei receoso porque ele quase surtou quando eu fiz um boquete nele imagina se eu botasse ele pra mamar ou quisesse comer ele? Eu tava indo devagar pra pegar ele pelas beiradas.

Ele me rejeitou pela primeira vez e pela primeira vez eu me senti triste por um amante ter me rejeitado.

-Vai querer vir mesmo não?

-Quero não, Israel. Hoje eu não quero - ele disse me virando as costas.

Nunca me doeu tanto alguém terem me chamado pelo meu nome. Eu voltei pra minha casa sentindo meus olhos ardendo e fui tentando aparar as lágrimas que insistiam em cair contra a minha vontade.

"Tudo isso por causa de um cu doce. Quem ele pensa que é pra fazer isso comigo? Não vou chorar por ele não! Vai tomar no cu Mário!"eu pensei puto.

O último cara por quem eu tinha chorado tinha sido o Wallace.

Aliás, o último não. O único.

Quando ele me disse que não poderíamos mais nos ver porque o Metralha tinha descoberto a gente eu chorei na frente dele,pedi pra ele fugir comigo pra irmos pra bem longe juntos. Eu tava disposto a abandonar tudo pra ficar com ele,abandonaria minha família,meus amigos, tudo só pra ficar com ele.

Mas ele não quis.

"Eu tô fazendo isso pra te proteger, moleque" foi o que ele disse pra mim.

Depois daquele dia eu chorei tanto como nunca tinha chorado. Wallace começou a me ignorar e evitava a todo custo ficar a sós comigo, foi nesse tempo que eu fui mandado pra ficar fazendo parceria como Renato e nos tornamos amigos. Um dia num baile funk eu vi o Wallace e tentei me aproximar dele mas ele me rejeitou e me deu um empurrão, na mesma noite tinha um gayzinho chamado Johny ficou me olhando a noite toda e eu retribuí o olhar. Eu decidi me vingar do Wallace naquele momento.

O Dono do Morro : Eu Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora