Capítulo 40 : Esperando e Esperando

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Júlio César

Pantera estava ali a minha frente.

O homem que era inimigo de morte do homem que eu amava. O homem que Renato mais desejava matar, o Renato sempre se referia ao Pantera como verme ou outros nomes de baixo calão, mas o homem à minha frente era tudo menos um verme. Pra alguém velho ele ainda era muito bonito, sua pele impecável e ele tinha um sorriso simpático, se eu não soubesse quem ele é eu acreditaria que ele é só um senhor comum. Ele era um verdadeiro negão de tirar o chapéu.

Mas ele é perigoso, o Barão tinha dito isso várias vezes. O Pantera era um traficante velho num mundo em que os traficantes morrem jovens, ou seja, ele é muito experiente e perigoso. Ele comandava uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, o tráfico de drogas movimenta milhões todo mês, se o Renato mesmo sendo jovem tem tanto dinheiro eu imagino o quanto esse homem deve ter acumulando por tanto tempo.

Agora tudo fazia sentido. Esse era o motivo do Fábio ser podre de rico e tudo mais.

Agora eu me lembro que o Barão disse que o Pantera tinha um filho mas que ele se chamava Victor, conhecido como "Jogador" no mundo do crime. E que ele era o mais cotado pra virar o dono do Complexo do Alemão depois do Pantera.

"Espera...se o que o Fábio disse é verdade então o Pantera traiu a mãe dele por anos e teve outro filho. Seria esse outro filho esse tal de Victor? O Jogador?" eu pensei.

Agora fazia sentido o Fábio dizer que daria um tiro na cabeça do "irmãozinho bastardo" dele se o encontrasse. Todo o ódio dele fazia todo sentido agora.

"CARALHO?SERÁ QUE O FÁBIO É UM BANDIDO TAMBÉM?"as vozes gritaram na minha cabeça, eu tava entrando em surto.

José Antônio, ou melhor, Pantera ainda estava com a mão estendida pra mim esperando eu retribuir, Max veio se aproximando e sentou na mesa ao meu lado, travando minha saída me deixando encurralado. Pantera continuava com a mão estendida esperando eu retribuir.

Eu estendi minha mão com medo e ele apertou forte minha mão, quase esmagando meus dedos.

-E o senhor quem é? - eu minto na cara dura.

-Meu nome é Antônio. Sou pai do Fábio. - ele me diz.

-E o que ele tá fazendo aqui? - eu digo apontando pro Max. - Achei que ele trabalhasse pro Fábio.

-Max trabalha pra mim. Somos amigos de longa data mas não é sobre isso que eu vim falar com o senhor.

"Senhor? Ele tá cordial demais pro meu gosto"eu penso.

-Eu queria conversar com você a respeito do meu filho. - Pantera diz.

-Seu Antônio, seu filho está muito magoado com você. Ele não me falou muita coisa e eu nem desejo saber o que ocorreu entre vocês, mas ele está muito ferido. Ele não quer falar com o senhor.

Eu menti, já sabia de tudo mas não ia dar meu truco agora. Precisava pensar em algo pra sair dessa situação.

-Eu sei que o Fábio não quer falar comigo. Acredite eu já tentei falar com ele e não deu certo. - ele diz com uma tristeza na voz.

-Como o senhor soube que ele estava no Rio? - eu perguntei

-Eu recebi uma informação que ele tinha vindo ao Rio e descobri que ele foi visitar um amigo no hospital. Acabou que esse amigo era você, o mesmo rapaz que fez intercâmbio com ele. - Pantera disse.

"Ele sabe sobre o Hospital....será que ele sabe sobre mim e o Renato?"eu pensei sentindo meu sangue gelar.

-Eu tinha reencontrado o Fábio recentemente nas redes sociais. Eu vim trabalhar há alguns meses no Rio e procurei ele e acabei encontrando na internet. A gente já tava conversando quando eu sofri esse acidente.

O Dono do Morro : Eu Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora