Capítulo 91: A Expectativa de Uma Vida

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Renato Oliveira

Eu soube da confusão na lanchonete da Aninha, soube também que o Montanha beijou o Lucas na frente de todo mundo e praticamente o assumiu perante a favela toda, eu fiquei muito feliz com isso, eu gosto de ver um parceiro meu sendo feliz e me senti muito contente com isso! Barão também assumiu o Mário e só vivem pra cima e pra baixo no maior love....somente eu e o Júlio ainda estamos escondidos.

Eu passei aquela noite toda pensando no que havia acontecido, no meio da noite eu fiquei deitado na minha lage olhando as estrelas e imaginando que naquela hora o Montanha e o Lucas deviam estar tendo uma noite de amor e depois dormiriam tranquilos, sem medo de assumirem seu amor para o mundo e no dia seguinte eles estariam andando de mãos dadas pela favela. Eu olhava o céu noturno e pensava nisso imaginando coisas...

"O Montanha pode fazer o que quiser mas eu não posso....do que adianta todo o meu poder se eu não posso assumir pro mundo que é o Júlio quem eu amo? Que é ele que dorme comigo todas as noites, que é ele o dono do meu amor e dos meus sentimentos?" eu fiquei triste quando esse pensamento surgiu em meu ser.

Toda vez que nos víamos na rua eu tinha que tratar ele formal ou como um amigo e isso me matava por dentro cada vez mais, eu tinha que me segurar muito para não beijar a boca gostosa dele toda vez que o via na rua, meu desejo era erguer ele e o beijar na frente de todos como o Montanha fez com o Lucas. De que vale o meu amor por ele se não posso desfrutar nem mesmo de um pequeno prazer como ir de mãos dadas até uma sorveteria?

Eu posso encher ele de presentes caros e levar ele para nossa mansão em Angra mas será que o resto da vida teríamos que ser assim? Viver um amor escondido por medo dos meus inimigos tentarem machucá-lo pra me atingir? O Pantera se foi, o Jogador é meu aliado agora, todos os meus inimigos se foram, o que me impede de realizar esse desejo?

-Amor? - a voz do Júlio me chamou suave me despertando dos meus pensamentos.

Eu olhei e ele estava subindo a escada de calção e uma camisa polo, seus óculos estavam na gola da camisa e o vento bagunçou seu cabelo preto quando ele se aproximou, ele estava tão lindo hoje que eu só queria abraçá-lo.

-Oi, meu amor! - eu disse

Júlio se sentou no meu colo e se aconchegou no meu peito e ficamos abraçados ali.

-Eu soube do Montanha e do Lucas. - eu disse.

-Eu chorei tanto ao ver aquilo...eles merecem toda a felicidade do mundo. - Júlio disse com a cabeça reclinada no meu peito.

-Eles vão ser muito felizes, eu tenho certeza disso. - eu disse.

Nós ficamos abraçados ali e eu senti um peso no meu coração, eu precisava falar sobre as coisas que eu tava sentindo com o Júlio e tive uma ideia.

-Vamo dar uma volta, amor? - eu pedi.

-Pra onde?- Júlio perguntou.

-Confia em mim! - eu pedi.

Nós descemos pros quartos e o Júlio colocou uma bermuda e um chinelo, nós descemos e saímos da minha casa e começamos a andar subindo a rua na direção a área da mata, no meio da rua pouco iluminada eu peguei na mão do Júlio e senti meu coração acelerar pelo simples fato de andar de mãos dadas com ele, eu sentia um estranho sentimento de medo e liberdade. Nós subimos até um lugar na mata no alto do morro, um lugar que eu ia às vezes com o Barão quando queríamos conversar longe dos olhos dos outros.

-Que lugar bonito! - Júlio disse.

-Júlio,eu queria falar sobre uma coisa contigo. - eu disse procurando a coragem que eu precisava.

O Dono do Morro : Eu Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora