Capítulo 9: Feijões Vermelhos

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Notas do autor

"Culetes" = frescuras

"Alma" = versão abreviada de "alma sebosa" que é a mesma coisa de dizer que alguém é uma pessoa que não presta, que é uma pessoa ruim.


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Júlio César

Eu ainda estava encostado no muro sem conseguir acreditar.

Renato havia me beijado, e não foi um simples beijo, foi um dos melhores beijos que eu já dei na minha vida. O homem que eu achava que me odiava, que me humilhou no meu primeiro dia no Rio, que me aterrorizou, havia me beijado.

Meus olhos começaram a marejar, eu não conseguia entender a razão de tudo isso. Eu realmente achei que ele estava querendo tirar onda com a minha cara e até entrei na brincadeira, aproveitando pra sacanear ele e ter uma vingança pequena pela nossa aposta que ele não cumpriu.

O beijo dele foi tão cheio de desejo, tão profundo, sugou todo o ar que tinha nos meus pulmões. Até mesmo as vozes da minha cabeça silenciaram quando ele me beijou, foi como se o mundo todo ao nosso redor se apagasse.

Mas que tipo de plano cruel ele tinha feito dessa vez? Entregar meus óculos, pedir pro Barão se aproximar de mim, passar a ser legal comigo e agora me beijar...

Eu me despertei quando várias pessoas vieram me buscar, era a hora de receber o prêmio do campeonato.

Os 3 primeiros colocados estavam recebendo os prêmios, medalhas e eu recebendo o troféu. Eu estava tão aéreo que nem conseguia prestar atenção direito ao que acontecia ao meu redor.

Depois da premiação começou um banquete com sanduíches, bolo , coca - cola, cerveja e churrasco. O Barão passou por mim dando uma piscadinha de olho e me parabenizando mas depois me perguntando se eu tava bem. Depois dele a Priscilla me perguntou também se eu tava bem, nessa hora eu percebi o Mário me olhando com uma raiva no rosto que eu nunca tinha visto antes.

Renato não parava de olhar pra mim e a sorrir,ele e o Barão cochicharam algo e depois ficaram rindo entre eles e o Barão deu um abraço no Renato.

"Era isso mesmo....era um plano dos dois."

O Renato estava vindo na minha direção quando o Mário pegou no meu braço com força.

-Vamo embora daqui, agora!

Eu nem consegui protestar porque o Mário praticamente me arrastou pra fora do local.

-Para, tá me machucando. Tá doido é, desgraça?

-Vamo embora que já tá tarde. - ele me empurrou com tudo pra frente e seguimos caminho.

Eu olhei pra trás e vi o Renato e o Barão olhando pra mim indo embora com o Mário.

No caminho o Mário olhava pra mim com uma cara de raiva e depois ficava olhando pra frente. E ele não falou praticamente nada o caminho todo, eu já estava ficando incomodado com aquilo.

-O que aconteceu que tu tá calado? Por que tu tá olhando assim pra mim?

-Não quer que eu te olhe então some da minha vista, porra!- ele fala de um jeito que me faz quase engasgar. Ele nunca tinha sido tão ignorante assim comigo.

-Oxe, o que é isso? Tá endoidando é?

-NÃO! ME DEIXA EM PAZ E NÃO ME ENCHE, CARALHO!

-ENTÃO VAI TE FUDER TU TAMBÉM E ME DEIXA EM PAZ! - eu respondo já gritando e apresso o passo na frente dele.

O Dono do Morro : Eu Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora