Seus piores medos

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Aurora, nos braços de Edmundo, não conseguia parar de tremer. Ele acariciava seus cachos loiros, com carinho, em uma tentativa de acalmá-la, mas não estava funcionando muito, não com aquela risada sarcástica e malévola ecoando naquele lugar sombrio.

Quando finalmente o riso cessou, o corredor ficou mais escuro do que já estava antes, e a névoa também aumentou. 

-Aurora, eu acho que a passagem para a Sala do Livro está no final desse corredor. - sugeriu Edmundo. 

-É, é provável. - ela respirou fundo, parando de tremer e soltando-se delicadamente dos braços de seu namorado.

-Vamos? 

-Sim, mas me promete só uma coisa.

-O que é, meu amor?

-Segura minha mão. - pediu ela, olhando para Edmundo com os olhos brilhando pela quantidade de lágrimas.

-Claro. - sorriu o garoto, segurando a mão dela com carinho. Com sua mão livre, ele segurava sua espada desembainhada.

Os dois foram até o meio do caminho até o outro lado, quando a mesma voz de antes falou outra vez, cruel:

-Vocês realmente acham que isso vai ser fácil desse jeito? Eu tenho uma surpresinha para vocês: seus piores medos e pesadelos.

Nesse momento, tudo ficou completamente escuro e os dois deixaram de sentir a mão um do outro. Aurora, arfando e tremendo de medo, olhou para o lado e procurando Edmundo: mas foi inútil, ela não conseguia ver um palmo na frente de seu nariz.

Na sua frente, uma luz pálida e fraca brilhou: quando ela olhou, viu seu irmão na sua frente.

-William? - ela soluçou, apesar de ter quase certeza de que era uma ilusão da névoa.

-É, Aurora...você me decepcionou, sabia? É fraca, e não merece ser minha irmã. - ele disse, com repulsa.

A loira soluçou, enquanto seu irmão se desfazia no ar. Surpresa, ela confirmou a si mesma que era só uma ilusão, mas não conseguiu parar de chorar. 

-Edmundo. - ela chamou, tremendo de medo e sendo sacudida por seus soluços. - Ed!

Uma fraca luz verde brilhou ao seu lado e ela viu Edmundo, com outra garota... uma loira.

-Edmundo? - ela soluçou, dizendo para si mesma que com certeza era uma ilusão mas sem conseguir deixar de sofrer com a visão.

Aurora viu seu namorado beijar a outra garota, chamando-a de amor da sua vida. A visão demorou alguns minutos, uns dos piores minutos de sua vida. Quando finalmente aquela imagem se desfez no ar, e a loira respirava fundo enquanto tentava chorar menos, ela viu a pior de todas as imagens que tinham aparecido até então: Edmundo, com uma distância de apenas poucos metros dela, estava no chão...ferido, gravemente ferido.

-EDMUNDO! - a loira gritou, aterrorizada, e correu até ele.

Ao chegar onde seu namorado estava, ela se ajoelhou ao lado dele enquanto colocava a cabeça do mesmo em seu colo. No momento em que fez isso, ela viu o que mais temia: a respiração de Edmundo foi ficando cada vez mais fraca, até que cessou por completo.

-Não, não, não, não. - ela soluçou, colocando suas mãos no rosto frio dele. - Pelo amor de Aslam, não!

Encostando sua testa na testa dele, ela chorou desconsoladamente. Apesar de saber que provavelmente era só uma ilusão, era tudo tão real...exatamente da maneira que ela havia temido que acontecesse.

Depois de algum tempo, a loira sentiu alguém atrás dela. Virou-se, e percebeu que o corpo de Edmundo se dissolveu no ar.

Ela se levantou, desembainhando seu punhal e respirando fundo. 

-Quer desistir, princesa? - a mesma voz maléfica de antes perguntou, rindo cruelmente.

-Nunca. - ela disse, e todo o seu medo se transformou em raiva: raiva por ter sido induzida a crer em todas aquelas imagens falsas depois de ter sido separada de seu namorado. 

Reunindo toda a força de vontade que possuía, Aurora decidiu seguir em frente: entendeu que aquele corredor tinha o objetivo de fazê-la sofrer para depois destruí-la, com imagens que poderiam se tornar reais ou que um dia lhe amedrontaram. Ela respirou fundo e começou a correr para a frente, ignorando todas as imagens de névoa que iam aparecendo e desaparecendo ao seu lado. 

Depois de um certo tempo, seu corpo bateu em algo duro: uma porta de rocha. O impacto foi tão forte que a fez cair, com sangue escorrendo de um corte em sua testa. 

-Aurora! - ela ouviu a voz de Edmundo gritar, em algum lugar próximo.

Sentiu os braços dele em volta dela, e logo em seguida tudo se apagou.


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Beijos e até breve, Narnianos! Em breve novo cap. 💖

𝑩𝒂𝒄𝒌 𝑻𝒐 𝑵𝒂𝒓𝒏𝒊𝒂 𝟐 | Nas OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora