Sentir a dor

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Priscilla olhou para Edmundo com satisfação.

-Bom, eu já sabia que seu irmão não ia matar você. - ela disse, cruel. - Mas o que eu não sabia era que ia receber a garantia de que você vai aceitar toda a dor pela qual vai passar...certo?

-Eu dei minha palavra, e vou cumprir o que prometi. - afirmou o rapaz, sentindo a boca seca ao pensar no significado de tudo aquilo.

-Ótimo, então. - sorriu ela, cruelmente. - Coloque sua espada no chão, não vai mais precisar dela. 

Edmundo respirou fundo e colocou a bainha e sua espada no chão...a espada que tinha sido de seu irmão por vários anos, e que ele havia dado ao mais novo um ano antes. 

Quando viu que o rapaz estava desarmado, a ruiva sorriu mais uma vez:

-Antes de começar a sua dor física, que tal lhe mostrar o que te aguarda...não é mesmo? - então, ela foi até a mesa e pegou um punhal, voltando logo em seguida. - Você já conheceu uma dor semelhante à dor desse punhal, lembra?

Dizendo isso, ela mostrou para ele um punhal cujo cabo era verde, e cuja lâmina era feita de um metal preto. Edmundo sentiu as lágrimas invadirem seus olhos ao lembrar da dor que havia sentido, uma dor antiga, mas profunda...

**Flashback (dez anos antes)**

-Onde eles estão?! - perguntou a Feiticeira, agarrando Edmundo pela gola da camisa e erguendo-o até seu rosto.

O garotinho de dez anos arfou, assustado...mas ele estava decidido a não entregar sua família, de forma alguma.

-E-eu não sei! - ele gaguejou.

-Não sabe, hm? Pois vamos ver se agora vai saber me responder. - disse ela, de uma forma fria e cruel. Então se virou para o anão que estava ao seu lado: - Traga-me o punhal.

Logo em seguida, Jadis jogou Edmundo de volta ao chão, e ele gemeu baixinho ao sentir a dor da queda. 

Ele semicerrou os olhos e apenas ficou ali, deitado no chão, tentando ignorar a dor e o medo que estava sentindo enquanto todo o seu corpo tremia e suas mãos formigavam e latejavam com os poderes que havia recebido quando conheceu a Feiticeira...ela estava tão diferente, agora. Só então Edmundo tinha percebido que ela havia sido falsa o tempo inteiro.

Poucos instantes depois, o garoto sentiu alguém pegar fortemente em seus ombros e colocá-lo de pé. 

Quando abriu os olhos, Edmundo viu que um ogro estava arrastando-o até um canto da cela, onde havia um par de algemas de gelo conectadas na parede por uma grossa corrente do mesmo material. Em seguida, aquele ogro horrendo colocou as pequenas mãos do garoto nas algemas, prendendo-o. 

-Agora vamos ver o que você vai me dizer. - disse a Feiticeira, sorrindo cruelmente enquanto ia até ele com um punhal de cabo verde e cuja lâmina era cinza escura. Ao ficar frente a frente com Edmundo, ela posicionou o punhal no lábio inferior dele. - Onde eles estão? - perguntou ela.

-E-eu nã-ã-o se-ei. - gemeu ele, amedrontado.

-Tem certeza? - perguntou ela, mais uma vez.

O garotinho apenas assentiu com a cabeça, tremendo. Ela sorriu cruelmente e passou o punhal pelo lábio inferior dele, cortando-o devagar. 

Foi a pior dor da vida de Edmundo, e o pior dela foi a lentidão. 

Depois de ter cortado o lábio dele, a Feiticeira perguntou mais uma vez. O garoto negou corajosamente e ela fez um corte no canto esquerdo do seu rosto, lentamente. 

Então ela foi perguntando várias vezes mais, e em todas ele negava. 

A cada negativa, ele ganhava mais um corte: nos ombros, braços, punhos, rosto... até que a dor foi demais para que um garoto de apenas dez anos, e ele perdeu os sentidos.

**Fim do flashback**

-É, esse punhal é uma versão pior daquele que minha tia usou para torturar você, anos atrás. - contou Priscilla, sorrindo cruelmente...aquele sorriso odioso, igual ao de sua tia. - Sabe por que esse punhal é completamente negro, não cinza?

-Por quê? - perguntou Edmundo, tentando ao máximo disfarçar sua voz trêmula ao lembrar de toda a dor pela qual havia passado.

-Esse punhal é o mesmo que sua namoradinha me deu quando chegamos aqui. E esse tipo de punhal negro é feito com a minha magia ou a da minha tia, que basicamente são a mesma coisa porque tiveram a mesma origem. Como esse punhal não foi feito aqui em Charn nem foi feito por nenhuma de nós duas, a magia negra se instala de uma forma...mais forte, digamos assim. Até mesmo porque sua namorada tem poderes, e foi com eles que ela fez esse punhal. Ou seja: ele tem magia incrustada em sua composição. E outra, não é só a cor que faz com que esse punhal seja diferente do que minha tia usou em você: esse daqui dói um milhão de vezes mais.

-Se está pensando que eu vou desistir por causa dessa informação...

-Ah, não. Eu não acho isso, mas tenho certeza de uma coisa: você está sofrendo muito mais com essas informações. Enfim, sabe qual é a melhor parte? Você vai morrer sendo torturado pelo punhal que sua amada namoradinha fez. O que é extremamente irônico, porque você vai morrer desta forma para salvá-la...não é, idiota

Quando ela usou o apelido que Aurora costumava usar com Edmundo, ela aveludou a voz em um tom extremamente cruel e sarcástico, o que doeu muito mais no coração dele do que já doeria só na menção daquele apelido que ele nunca mais escutaria nem poderia responder com "Rory"...

-Bom, vamos parar com essa enrolação de uma vez por todas, certo? Eu quero ver você sentir a dor, não apenas a psicológica...eu quero ver você sofrer da pior maneira, agora. - disse Priscilla, sorrindo cruelmente.


✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨


Tô chorando, de vdd 😭

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Beijos e até breve, Narnianos! 

𝑩𝒂𝒄𝒌 𝑻𝒐 𝑵𝒂𝒓𝒏𝒊𝒂 𝟐 | Nas OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora