Por alguns instantes, Edmundo e Pedro ficaram em silêncio, olhando um para o outro.
O que deveria ser dito?
Finalmente, Edmundo respirou fundo e tentou falar algo; mas Pedro o interrompeu assim que o mais novo abriu a boca.
-Não, Ed; me deixe falar primeiro. - disse o loiro, seus olhos azuis cheios de lágrimas. - Na verdade, eu mesmo não sei o que falar, eu só...não acredito que eu pude fazer aquilo, eu quase te matei duas vezes, e não sei se um pedido de desculpas é suficiente, mas-
-Pedro, eu não vou deixar você continuar com isso. - interrompeu-o Edmundo, indo até o mais velho. - Por que você deveria se desculpar, se nada daquilo foi sua culpa? Por nenhum instante eu achei que você estava fazendo todas aquelas coisas, mesmo quando ainda não tinha a confirmação de tudo o que estava acontecendo. Se o que aconteceu com você tivesse acontecido comigo, você me deixaria pedir desculpas? Na verdade, nós sabemos que você me mandaria calar a boca, com muita delicadeza.
-Mandaria mesmo. - riu o loiro, em meio às lágrimas. Então, ficou sério novamente. - E, no final de tudo, você ainda preferiu ser morto por ela do que deixar que eu te matasse! Por quê?!
-Hm, você é meu irmão, não é? - sorriu Edmundo. - Apesar de ser um chato, no final das contas eu amo você.
-Olha só quem fala sobre ser chato. - riu Pedro, soluçando levemente e puxando seu irmão mais novo para um abraço. - Eu também te amo.
No normal, Edmundo não teria gostado muito; afinal, ele não era o que se chamaria de "uma pessoa que gosta de abraços", no geral. Mas, dessa vez, a única coisa que ele fez foi abraçar seu irmão mais velho de volta e permitir que este enterrasse seu rosto molhado de lágrimas em seu ombro. Ele sabia que Pedro precisava disso, mais do que conseguiria até mesmo dizer.
Os dois ficaram nessa posição, em um silêncio que só era quebrado pelo som dos soluços de Pedro, por muito tempo. Até que o mais velho, tendo se acalmado um pouco, se lembrou do fato de que seu irmão odiava abraços e o soltou.
-Er, desculpe. Esqueci que você não gosta de abraços...exceto quando eles vêm de uma moça chamada "Aurora". - brincou ele, enxugando as lágrimas.
-Cala a boca. - riu o moreno, bagunçando o cabelo loiro de seu irmão. - Hoje eu decidi abrir uma exceção, na verdade.
-Essa "exceção" ainda está aberta?
-Hm, acho que sim. - sorriu Edmundo, e dessa vez ele mesmo abraçou seu irmão.
Na verdade, estar vivo era tão bom que todas as implicâncias pareciam ser tão insignificantes...comparadas ao fato de poder viver e compartilhar bons momentos com pessoas amadas, que (e ele sabia bem disso) podem não estar mais aqui a qualquer momento.
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Mais tarde, naquele mesmo dia, Edmundo estava sentado na varanda do quarto que dividia com Pedro sempre que eles estavam em Nárnia. Agora, o silêncio da noite pairava sobre o castelo, e o único som que era escutado por Edmundo era o som da respiração de seu irmão mais velho, que estava dormindo no quarto.
-O céu está bonito hoje, não? - ele ouviu a voz de Susana dizer, ao seu lado.
-Misericórdia, Susana! Quer me matar de susto?! - exclamou o rapaz, dando um pulo.
-Shh, você vai acordar o Pedro.
-Ah, não me diga. - sussurrou Edmundo, respirando fundo e se sentando novamente. - Para começar, você não deveria ter me assustado.
-Me desculpe. - sussurrou Susana, sorrindo. - Mas foi inevitável quando eu vi que você estava tão compenetrado em olhar para o céu.
-Hm. - resmungou o mais novo, aparentando não ter ficado exatamente agradado com o acontecimento. - Mas por que você veio aqui, afinal?
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𝑩𝒂𝒄𝒌 𝑻𝒐 𝑵𝒂𝒓𝒏𝒊𝒂 𝟐 | Nas Origens
Fiksi PenggemarUm ano depois de todas as aventuras dos irmãos Pevensie em Nárnia, coisas estranhas começam a acontecer. E o pior acontece quando todos são transportados de repente para um mundo completamente estranho, em ruínas. O lugar possui um ar pesado, carreg...