Edmundo

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Edmundo deu livre curso às suas lágrimas enquanto andava pelos escuros corredores do Castelo subterrâneo de Priscilla. A única luz disponível era a de algumas tochas, que irradiavam uma doentia luz verde. Mas de certa forma aquilo era bom: pois o rapaz poderia chorar à vontade.

Ele já havia chorado mais cedo, quando ele e sua namorada haviam chegado na Sala do Livro: naquele momento, ele estava com medo, incerto, preocupado com o que o futuro lhe traria.

Mas, agora, Edmundo chorava porque sabia que aquele seria o fim: ele nunca mais veria sua namorada, suas irmãs, amigos, cunhado...nunca mais veria todas as pessoas que eram importantes para ele. Naquele exato momento, ele estava indo para sua própria morte, e ela poderia vir duas formas diferentes: ou seu próprio irmão lhe mataria, ou ele seria torturado e morto pela sobrinha da Feiticeira.

Sendo sincero, ele estava disposto a morrer pelas mãos de Priscilla: a última coisa que Edmundo queria era saber que Pedro se culparia para sempre por ter matado seu irmão mais novo...o rapaz sabia que aquilo partiria o coração do mais velho em milhares de pedaços, ele nunca se perdoaria.

Porém, no final das contas, Edmundo estava satisfeito pelo fato de que sua morte salvara Aurora e salvaria Pedro: as duas pessoas que ele mais amava, sua namorada e seu irmão mais velho seriam salvos por sua morte...valeria a pena, afinal.

Mas isso não lhe consolava muito, ele ainda chorava, até mesmo porque era humano e sentia medo e tristeza com a proximidade de sua morte. Não conseguia deixar de pensar que 20 anos era uma idade muito precoce para se morrer, ele queria ter mais tempo...

Com esses e outros pensamentos do tipo, Edmundo entrou por uma porta de vidro verde e chegou em um salão inteiramente iluminado, o que contrastou com os corredores dos quais ele havia acabado de sair. A única semelhança entre os dois ambientes era a luz: verde, como sempre. Mas, naquele salão, era um verde claro que mais parecia um branco esverdeado. O chão era de vidro, assim como a grande porta fechada que existia na outra ponta do local.

Edmundo arfou um pouco, respirando fundo enquanto enxugava suas lágrimas anteriores e apertava sua mão no cabo da espada, pensando no que fazer em seguida.

Ele estava prestes a ir na direção da porta que se localizava na outra ponta do salão quando escutou um barulho de passos atrás dele: virou-se, desembainhando sua espada e apontando-a para a pessoa: era Pedro.

Mas não era o Pedro que Edmundo conhecia.

Bem, pelo menos não no seu interior.

Aquele era um Pedro de olhos verdes, ferido, maltratado, manipulado.

Olhando no fundo daqueles olhos que eram originalmente azuis, Edmundo teve vontade de chorar: seu irmão mais velho estava ali dentro, e o fundo de seus olhos quase gritava de sofrimento e angústia; mas ele não podia fazer nada.

-Oi, irmãozinho. - disse Pedro, com uma voz cruel que definitivamente não era a voz do verdadeiro Pedro.


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Tadinho do Ed e do Pedro, gnt 😭

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Beijos e até breve, Narnianos! 😁

𝑩𝒂𝒄𝒌 𝑻𝒐 𝑵𝒂𝒓𝒏𝒊𝒂 𝟐 | Nas OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora