Por alguns instantes, a única coisa que Pedro conseguia enxergar era Priscilla.
A ruiva, surpresa com o fato de que o feitiço havia sido quebrado, olhava para ele; e o rapaz estava de tal forma consumido pela raiva que nem sequer via outra coisa além dela.
-Como...?! - balbuciou Priscilla, ainda surpresa com a quebra do feitiço.
-Ah, eu sinto muito. - Pedro deu uma risada sarcástica, carregada de raiva. - Mas parece que seu plano não deu muito certo, afinal. - depois de dizer isso, o loiro pressionou sua espada no pescoço dela, que arfou.
Ela poderia ter usado seus poderes, ou qualquer outra coisa; mas estava tão surpresa que nem sequer cogitou fazer nada, a única coisa que ela conseguia fazer era ficar ali...olhando para ele com surpresa e espanto.
-Só...só acaba logo com isso. - ela arfou, quando teve forças o suficiente para falar algo.
-Hm, acho que não. - riu o loiro, rangendo os dentes com uma raiva imensa. - Você não pensou assim para meu irmão, certo? O mínimo que você merece é passar pelo que ele passou.
Priscilla não respondeu, olhando com medo para ele.
Não que ela tivesse medo de Pedro Pevensie, ele não era nenhuma ameaça para ela.
Mas a raiva com a qual ele estava...sim, aquilo estava amedrontando a ruiva como nunca, ela sabia que o rapaz faria qualquer coisa, ainda mais se fosse para vingar todo o sofrimento pelo qual seu irmão mais novo havia passado.
-Certo, vamos ver...eu deveria te torturar da mesma forma que você fez com meu irmão? - perguntou Pedro, rangendo os dentes com raiva enquanto pressionava ainda mais a espada contra o pescoço dela.
Mais uma vez, Priscilla não respondeu. Ela se limitou a olhar para o loiro, amedrontada.
Pedro respirou fundo, lentamente.
-Quer saber? Eu não sou como você. - disse ele. - Eu nunca seria capaz de torturar alguém daquela forma, ainda mais alguém que já foi minha namorada. Uma pessoa na qual eu confiei. Eu confiei em você. - aqui, a voz dele quase falhou com o peso de suas lágrimas; lágrimas de raiva, de mágoa. - Mas você me traiu, me traiu da pior forma possível. Eu tenho a certeza de que você sabe que merece uma morte muito pior do que a tortura, uma morte que ninguém além de você mereceria. Mas eu não poderia fazer isso, porque eu não sou como você nem para com meus inimigos.
Antes que Priscilla conseguisse entender um mínimo da grandeza de caráter que Pedro estava tendo, ele enterrou a espada no peito da ruiva, que deu um grito e se desfez em uma estranha fumaça verde.
No momento em que a ruiva se desfez no ar, Pedro se sentiu esgotado; e não havia nada mais natural, considerando o fato de que ele tinha sido enfeitiçado e matar Priscilla tinha requisitado muita energia.
Mas, no momento em que ele se sentia prestes a desmaiar de exaustão, viu algo que lhe impediu: Edmundo.
O rapaz, ainda algemado do outro lado da sala, estava inconsciente e tinha sua cabeça pendendo sobre seu peito, enquanto o mesmo (assim como seus ombros, seu abdômen e seu tórax) estava repleto de sangue, ferido.
Pedro arfou e correu até seu irmão mais novo, soltando-o e segurando-o em seus braços para evitar uma queda. Com cuidado, ele deitou o rapaz no chão e se ajoelhou ao seu lado.
Edmundo gemeu.
-Ed. - soluçou o loiro, vendo que a respiração dele era cada vez mais fraca. - Ed, por favor.
A quantidade de sangue que escorria de todos os cortes do rapaz era tão grande que, em poucos instantes, o espaço ao redor dele era ocupado por uma poça de sangue.
-Edmundo, pelo amor de Aslam, você precisa aguentar! - soluçou Pedro, quase entrando em desespero ao constatar que a pulsação do mais novo ficava cada vez mais fraca.
Mais fraca...
...mais fraca...
...e mais fraca...
...até que se extinguiu por completo.
Edmundo estava morto.
Nos primeiros instantes, Pedro ficou tão perplexo e a dor foi tão profunda que ele nem foi capaz de chorar.
Ficou olhando para seu irmão mais novo, seu irmãozinho, que agora estava morto na sua frente.
Algumas cenas começaram a passar na sua mente, como flashs.
O dia no qual Edmundo nasceu, quando ele descobriu que teria um irmãozinho;
Quando aquele irmãozinho começou a andar e o seguia para todo o lugar;
As vezes nas quais ele e seu irmão faziam guerras na neve;
Quando Edmundo começou a ler, e os dois ficavam acordados até tarde embaixo das cobertas para "ler só mais um capítulo";
Como o mais novo ficava com os olhinhos brilhando e dizia que queria "participar de uma aventura";
Quando ele entrou para o colégio interno, e o mais novo costumava abraçá-lo com muita força no momento em que ele entrava em casa depois de alguns meses...
Pedro ficou olhando para o corpo inanimado de seu irmãozinho por alguns instantes, e foi só então que suas lágrimas começaram a escorrer desgovernadamente.
-Eddie, por favor! - era a única coisa que ele conseguia soluçar, apesar de nem saber exatamente o que estava pedindo.
Na verdade, ele ainda estava em um estado de choque, e ainda nem conseguia processar totalmente o fato de que seu irmão tinha morrido.
O loiro ficou ali, chorando desgovernadamente e sendo sacudido por seus soluços, até que suas forças se esgotaram por completo e ele perdeu os sentidos, caindo inconsciente ao lado do corpo de seu irmão.
✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨
O Ed morreu, SOCORRO 😭
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Beijos e até breve, Narnianos!
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𝑩𝒂𝒄𝒌 𝑻𝒐 𝑵𝒂𝒓𝒏𝒊𝒂 𝟐 | Nas Origens
FanfictionUm ano depois de todas as aventuras dos irmãos Pevensie em Nárnia, coisas estranhas começam a acontecer. E o pior acontece quando todos são transportados de repente para um mundo completamente estranho, em ruínas. O lugar possui um ar pesado, carreg...